O policial reformado Ronnie Lessa, preso em 2019 acusado de executar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes em 2018, revelou ter usufruído da influência do então deputado federal Jair Bolsonaro no passado. Em entrevista exclusiva à Veja, ele afirmou que o agora presidente intercedeu pelo atendimento prioritário do ex-militar na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), no Rio de Janeiro, para se recuperar da perda de parte da perna esquerda, causada por uma explosão de um bomba no carro dele.
“Bolsonaro era patrono da ABBR. Quando soube o que aconteceu, interferiu. Ele gosta de ajudar a polícia porque é quem o botou no poder. Podia ser qualquer outro policial”, disse às repórteres Marina Lang e Sofia Cerqueira.
Ele ainda minimizou a ajuda e disse que não teve outro contato com Bolsonaro. De acordo com Ronnie, ele deixou o tratamento na ABBR após duas semanas. “No final dessa história, eu saio como mal-agradecido. Nunca fui apertar a mão dele”, acrescentou.
De acordo com a revista, a relação de Bolsonaro com a associação vem de longa data, além de ser pública. Entre 2004 e 2018, ele destinou ao menos R$ 4,6 milhões em emendas parlamentares para a instituição.
Esse é mais um fato que mostra que o suspeito de assassinar a vereadora Marielle tinha proximidade com o presidente. Apesar de dar a informação, o preso insistiu que nunca foi próximo de Bolsonaro, mesmo após ser revelado que foi vizinho dele e do filho, Carlos, em um condomínio na Barra da Tijuca.
“É um cara esquisito. Se vi cinco vezes na vida, foi muito. Um dia cumprimenta, outro não, e mesmo assim só com a mãozinha. E nunca vi os filhos dele”, declarou.
Procurada, a assessoria do presidente não retornou o contato até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto.
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