O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (24/2) que tem o poder de "fechar todo o Brasil", mas que nunca cogitou a ideia. A declaração ocorreu durante a cerimônia de inauguração da Travessia Urbana em São José do Rio Preto (SP), quando o presidente repetiu críticas aos governadores e prefeitos pela adoção de medidas restritivas em meio à pandemia da covid-19. O chefe do Executivo chamou os líderes estaduais e municipais de "protótipos de ditadores".
"Ao longo dos últimos dois anos, vimos e sentimos na pele protótipos de ditadores por todo o Brasil. Esses aprendizes de ditadores tomaram medidas, algumas populistas, outras não pensadas, mas que afetaram diretamente as nossas vidas. Eu tenho o poder. Tinha e tenho o poder de fechar todo o Brasil por decreto. Jamais cogitei isso, porque a liberdade está em primeiro lugar. Quase todos os governadores obrigaram o povo a ficar em casa, mas não pensaram nas consequências", apontou.
"Ser líder, não é estar ao lado do politicamente correto. Ser líder é decidir. Em todos os momentos que se fez necessário, por gestos ou exemplos, eu decidi. Eu decidi estar ao lado do povo", disse, trajando uma camisa vermelha do América, time de futebol da cidade.
Bolsonaro disse ainda que não cometeu erros na gestão da pandemia e que comprou todas as vacinas contra a covid aplicadas no Brasil. "Estamos voltando à normalidade. Aquilo que eu sempre desejei está acontecendo. Quando se fala em vacinas, o governo federal comprou todas as vacinas aplicadas no Brasil. Em momento algum eu exigi o passaporte vacinal", completou.
O presidente voltou a fazer críticas indiretas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Quem me dá o norte são vocês, o que vocês decidirem estou com vocês. Não tem sido fácil os últimos meses, vocês sabem a quem me refiro, vocês sabem o que nós temos de mais importante para todos nós. Podem ter certeza, nós venceremos", disse, sendo ovacionado pela plateia ao som de "mito".
Bolsonaro ainda voltou a comparar o Brasil a um navio. "O Brasil é um transatlântico. Não dá para fazer cavalo de pau. Mas nós vamos, cada vez mais, redirecionando o seu futuro. Olhem aqui na América do Sul qual o destino que outros países estão tomando, vejam se nós queremos isso para a nossa Pátria", alegou.
Ataque à Ucrânia
Bolsonaro disse ainda que o "comunismo é o fracasso" e o "socialismo é uma desgraça". Apesar do andamento da invasão russa à Ucrânia desde a madrugada, o chefe do Executivo ainda não se posicionou sobre o assunto. Ele ignora a crise mundial e segue com publicações costumeiras nesta quinta-feira. Ele desembarcou em São Paulo hoje para a entrega de viadutos e um reservatório.
Ao contrário de Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão se posicionou afirmando que o Brasil não concorda com a invasão da Rússia à Ucrânia.
"O Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro que ele respeita a soberania da Ucrânia. Então, o Brasil não concorda com uma invasão do território ucraniano. Isso é uma realidade".
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) repudiou o ataque russo contra a Ucrânia e defendeu que a discussão deveria ter ocorrido em "uma mesa de negociação".