O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta terça-feira (22/2) da cerimônia de transmissão de cargo do diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, João Francisco Ferreira, para o Almirante Anatalicio Risden Junior, que será o 15º a comandar a hidrelétrica pelo país. Durante o discurso, o chefe do Executivo mencionou e elogiou ditadores como Emílio Garrastazu Médici e Alfredo Stroessner, ex-presidentes do Brasil e do Paraguai, respectivamente, afirmando que, os anos 70 “geraram grandes personalidades” e “homens de visão”. O evento ocorreu no Palácio Itamaraty.
“Por vezes, a gente fica pensando o que seria do Brasil sem as obras dos anos 70. Aqui, Itaipu Binacional. Volvendo meus olhos para a pequena grande mulher Tereza Cristina [ministra da Agricultura], Alysson Paulinelli [ex-ministro da pasta]. Também os anos 70 geraram grandes personalidades. O nosso agronegócio hoje em dia é algo fantástico graças a esse homem que foi descoberto por nada mais nada menos que nosso prezado Ernesto Geisel”, afirmou.
“Itaipu, Emílio Garrastazu Médici juntamente com Alfredo Stroessner. A história não pode ser mudada, é uma realidade. Homens de visão, homens de futuro, que nos geraram, no caso aqui, Itaipu Binacional”, completou.
Também presente, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que a revisão do acordo da usina hidrelétrica Itaipu Binacional, Anexo C, que versa sobre as bases financeiras do empreendimento entre Brasil e Paraguai, será realizada “em contexto positivo”. A revisão está prevista para o próximo ano, quando o tratado completará 50 anos.
“Essa revisão será realizada em contexto positivo, graças ao êxito de esforços envidados ao longo de meio século para garantir a quitação das dívidas relativas à construção do empreendimento, dentro do prazo originalmente idealizado pelos seus idealizadores Brasil e Paraguai se beneficiarão", apontou.
Novo diretor da Itaipu Binacional, o Almirante Anatalicio Risden Junior defendeu o diálogo e a boa convivência com o país vizinho. "Há quase 50 anos houve um grande alinhamento de ideias e ações que permitiram que a Itaipu Binacional pudesse existir, produto de uma ampla construção diplomática, técnica, financeira e jurídica", afirmou. "O diálogo e a boa convivência, que nortearam a construção desta usina tão grandiosa e a tornaram exemplo para o mundo em diversos setores, vão continuar sendo os princípios basilares da minha gestão".
"A Itaipu é reconhecida internacionalmente por ser exemplo de liderança da agenda 20-30 da ONU, cumprindo com primazia todos os 17 objetos de desenvolvimento sustentável. Tudo isso prova que é possível, com esforços dos dois países, unir preservação ambiental com desenvolvimento econômico", concluiu.
Trajetória
O almirante nasceu em Curitiba e sua família é de pioneiros de Foz do Iguaçu. Ao ser nomeado diretor financeiro executivo da Itaipu, em fevereiro 2019, mudou-se para a cidade. Ele ainda exerce o cargo interinamente.
Militar da reserva, com mais de 40 anos de serviços prestados à Marinha do Brasil, é bacharel em Ciências Navais, com especialização em Intendência para Oficiais, e pós-graduado em Administração Financeira pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Mestre em Ciências Navais e Doutor em Altos Estudos de Política e Estratégia — Marítimas, ele participou do Programa de Desenvolvimento de Conselheiros (PDC), da Fundação Dom Cabral.
Em sua carreira na Marinha, exerceu cargos como os de diretor de Coordenação do Orçamento da Marinha, diretor de Serviços de Inativos e Pensionistas da Marinha, diretor do Depósito de Material Comum da Marinha, subchefe da Estação Brasileira “Comandante Ferraz” na Antártica e negociador da área financeira do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub).
No período de 2008 a 2015, foi diretor de Coordenação do Orçamento da Marinha (COrM), constituindo o elo entre a Força Naval e os demais entes do Orçamento Federal. Entre eles, o Ministério da Defesa, o Ministério da Fazenda e o Ministério do Planejamento. Também atuou como consultor da Fundação Getulio Vargas, de 2015 a 2019.
Possui condecorações como a Ordem de Rio Branco, concedida pelo Ministério das Relações Exteriores, Ordem do Mérito da Defesa, Ordem do Mérito Naval, além de prêmios nacionais e títulos de honraria, tais como Vulto Emérito Cidadão de Curitiba e Cidadão Honorário de Foz do Iguaçu.