O impasse eleitoral entre o PT e o PSD na Bahia caminha para uma solução. A configuração da chapa majoritária em outubro segue na direção de apresentar o senador Otto Alencar (PSD) à reeleição na Casa, lançar o também senador Jaques Wagner (PT) ao governo da Bahia e colocar o atual governador da Bahia, Rui Costa (PT), em cargo de primeiro escalão na futura gestão do estado.
Esse xadrez vem sendo jogado com calma por dois motivos: 1) há um excesso de candidatos para poucas vagas e; 2) um passo em falso pode comprometer a eventual adesão dos pessedistas à candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva — no primeiro turno, como sonham os petistas, ou no segundo, como afirma o PSD.
A situação se complicou porque Costa pretendia a vaga ao Senado e, por isso, negociava o apoio à candidatura de Otto à sua sucessão no Palácio de Ondina. A manobra desagradou Wagner, que pretendia voltar ao governo baiano — que ocupou entre 2007 e 2014.
Isso não incomodou apenas Wagner e setores do PT, mas outros atores interessados na disputa — como o PP. Além disso, há quem considere que Otto não tem a mesma força de Wagner na corrida pelo comando da Bahia. "A candidatura de Jaques está muito mais bem encaminhada", reforçou um assessor que acompanha de perto as negociações.
No caso do PP — partido aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) no plano nacional, mas que faz parte do governo petista na Bahia com seu vice, João Leão —, o partido não aceita fazer parte de uma coligação liderada pelo PSD. Além disso, ele também sonha com a vaga única ao Senado.
Uma solução para isso seria deixar Leão à frente do Palácio de Ondina até a sucessão. "O governador (Costa) iria renunciar antes das eleições, até 2 de abril, para que o vice (Leão) assumisse. Como ele já foi reeleito duas vezes para o mesmo cargo, não poderia ir para mais uma candidatura. Então, governaria até a próxima eleição", confirmou Otto.
Já o senador Ângelo Coronel (PSD-BA) considera natural a candidatura de Wagner ao governo baiano. "Como a vaga estava pré-acordada que seria de Otto, surgiu essa alternativa de ir para a cabeça da chapa com o governador e Rui entraria no lugar de Otto. Consequentemente, Jaques continuaria no Senado comigo. Porém a candidatura legítima (ao governo do estado) é a de Jaques", salientou.
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Desistência
Há poucos dias, rumores deram conta de que Wagner teria conversado com Lula sobre continuar onde está para pacificar a situação no estado. Mas, à saída do encontro com o ex-presidente, garantiu que brigaria pelo governo baiano. "Serei candidato", disse Wagner, laconicamente.
Indagado se todo esse cenário pode impactar o apoio do PSD à candidatura petista ao Planalto, Otto deixou claro que para Gilberto Kassab "é impossível apoiar o Lula no primeiro turno" — o que mantém a possibilidade de o partido ir para a corrida presidencial com o senador Rodrigo Pacheco (MG) ou até mesmo o governador gaúcho Eduardo Leite (leia reportagem acima), hoje no PSDB. Isso porque, segundo Otto, Kassab não tem um apoio de todos os diretórios estaduais do PSD.