O vice-presidente Hamilton Mourão confirmou, ontem, que disputará uma das cadeiras do Rio Grande do Sul no Senado, estado onde nasceu, nas eleições de outubro. A declaração foi dada na saída do Palácio da Alvorada. Assim, abre-se a vaga para a composição da chapa do presidente Jair Bolsonaro, que deve concorrer à reeleição.
O general usava uma máscara com a bandeira do Rio Grande do Sul e foi questionado se era um indicativo de que concorreria ao Senado pelo estado. “Lógico”, respondeu. E acrescentou:
“O senador Flávio (Bolsonaro) andou falando por aí (que se candidataria ao Senado)”, afirmou, salientando que a decisão “será comunicada brevemente”. Mas não garantiu a permanência no PRTB na tentativa de se eleger: “Agora é só uma questão de partido”, observou. Nos bastidores, os comentários são de que Mourão deve para o PP ou para o Republicanos, legendas que integram o Centrão — que dá apoio ao governo Bolsonaro no Congresso.
A composição da chapa majoritária, segundo o general, dependerá de quem concorrerá como candidato a governador do estado. “Tem dois pré-candidatos do nosso campo. Onyx (Lorenzoni, ministro do Trabalho e Previdência) e (o senador Luiz Carlos) Heinze. Vamos aguardar para ver o que vai sair disso aí”, observou.
“Beijinho”
Ao participar do evento de contratação de pessoas com deficiência pela Caixa Econômica Federal, Jair Bolsonaro (PL) tentou descontrair o ambiente mandando um “beijo” para Mourão. Isso porque a primeira-dama, Michelle, que havia acabado de discursar no evento, cumprimentou as autoridades que acompanhavam a cerimônia e deu um beijo na boca do presidente. Na sequência, ao discursar, Bolsonaro brincou com o vice ao dizer que ele também merecia um “beijinho”.
“Acho que o Mourão está querendo um beijinho também. Você também merece, Mourão”, gargalhou. O vice riu e fez um gesto negativo com o indicador.
Bolsonaro ainda não definiu quem será seu vice na campanha. Nos bastidores, os nomes dos ministros Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Walter Braga Netto, da Defesa, são especulados. Há, ainda, uma forte articulação em torno do nome da ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
A relação entre Mourão e Bolsonaro é marcada por atritos e estremecimentos. Desde o início do governo, o vice expôs, várias vezes, opiniões diferentes das do presidente.