CURTIDAS

O descumprimento de acordos orçamentários promete atrapalhar os planos do governo de colocar em votação pautas de costumes e outros projetos que possam representar vitória do bolsonarismo ou sacrifícios ao contribuinte. A avaliação geral é a de que não dá para atender os desejos do governo, num cenário de ano eleitoral, sem validar o combinado nas negociações. A ideia é mandar um recado ao Poder Executivo logo nas primeiras votações.

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Quem mais reclamou na semana passada foram os integrantes da Comissão Mista de Orçamento. Eles formam um seleto grupo, sempre agraciado com emendas extras nos recursos de RP2, ou seja, emendas de comissão e de bancadas estaduais. As RP2 atendiam essa turma muito antes das tais RP9, as emendas de relator. No ano passado, essas liberações não foram cumpridas, pela primeira vez em muitos anos. Somam algo em torno de R$ 150 milhões, pulverizados nas bases eleitorais da turma da CMO. A insatisfação é geral.

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Em tempo: ali, reza a tradição, quem não é atendido se afasta do governo federal. Já tem muita gente aliada a Lula vislumbrando, nessa insatisfação, uma brecha para que o ex-presidente atraia pelo menos uma parte do Centrão que está com Bolsonaro.

Quem avisa amigo é

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, já avisou ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que as portas estão abertas para que Eduardo Leite ingresse na legenda. Assim, Pacheco fica menos pressionado a dizer sim à candidatura presidencial, caso suas reflexões indiquem que será melhor recuar algumas casas nesse projeto nacional. Porém Kassab repetiu a Pacheco: "Você só não será candidato se não quiser"

Não se afobe, não...

As federações partidárias são o único ponto a ser decidido ainda este mês, uma vez que o Tribunal Superior Eleitoral tende a não ampliar o prazo de 2 de março. As candidaturas presidenciais, porém, só terão o martelo batido depois de encerrada a janela para troca de partido, no final de março. Até lá, os ensaios e especulações vão correr soltos.

... que nada é para já

Com o tiroteio entre Lula, Bolsonaro e Sergio Moro, os demais postulantes vão testar as suas chances, mas sem definições até abril. Até lá, vai prevalecer a montagem das nominatas e dos acordos estaduais. Afinal, se a polarização for mantida, os partidos terão que dominar o Parlamento, para ter alguma influência no futuro, seja quem for o presidente eleito em outubro.

Primeiros acordes

A tentativa do PT e dos bolsonaristas de arranhar a imagem e o discurso anticorrupção de Sergio Moro indica que o ex-juiz é o adversário mais temido por Bolsonaro e Lula nesta fase da corrida eleitoral. O tiroteio nesse triângulo vai longe.

Ainda tem flecha

A guerra está apenas começando. Da parte dos petistas, o arsenal anti-Bolsonaro está centrado na economia e no material das "rachadinhas". Da parte dos bolsonaristas, voltarão à baila as delações, em especial, a ação do Instituto Lula, que está suspensa. Lá atrás, as apurações indicaram que o terreno do instituto havia sido comprado por uma empresa, a pedido da Odebrecht.

Na vantagem

Contra Moro, a ideia é manter viva, durante todo o processo eleitoral, a investigação sobre os contratos do ministro da Alvarez & Marshall. Da parte de Moro, porém, o discurso será mantido: trabalhar e receber por isso não é crime. Receber vantagens indevidas de empresas e funcionários, é.

O teste de Guedes/ Ao dizer que é preciso diálogo para se chegar a um consenso sobre a forma de se baixar os preços dos combustíveis, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, jogou a boia para o ministro da Economia, Paulo Guedes (foto). Esta semana será crucial para ver se a equipe econômica ainda consegue ter voz para chamar a política à razão.

Sonho & realidade I/ Os planos do presidente Jair Bolsonaro de dominar o Supremo Tribunal Federal não são diferentes daqueles sonhos do PT, em seus 14 anos de governo. Deu ruim.

Sonho & realidade II/ No governo Dilma, dizia-se, inclusive, que Luiz Fux teria se reunido com José Dirceu e dito, ao ser indicado, que "mataria no peito" qualquer processo relacionado ao mensalão. O julgamento veio, e Fux votou pela condenação de vários réus, inclusive Dirceu.