Em depoimento à Polícia Federal, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub disse que o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), tentou comprar a casa dele num condomínio em São Paulo, sob o argumento de que o ex-integrante do governo não retornaria dos Estados Unidos, onde assumiu cargo no Banco Mundial. Weintraub afirmou que a proposta teria sido feita a seu advogado Auro Tanaka, mas o imóvel não estava à venda.
"Eu tentei preservar ao máximo (o nome de Lewandowski), mas disseram que eu não tenho provas, que é fake news", afirmou Weintraub à Jovem Pan, horas depois de deixar a PF. O ex-ministro ainda lembrou de quando fez a declaração. "Eu fui a uma entrevista num podcast (...), usei uma anedota. Disse que um ministro do STF, no ano passado, me negou habeas corpus preventivo. (...) Eu estava nos EUA, e fui informado do interesse dele em comprar. Foi isso."
Weintraub acrescentou que não sabia que as declarações seriam tão graves e classificou a oitiva como um "desserviço", pois tem como provar o que está dizendo. "Eu não achei que fosse tão grave a ponto de ter de ir depor por fake news. Agora, eu vou provar que é verdade. Como é que fica a situação?" Ele ainda disse ter ficado com "mal-estar" após a suposta intenção de compra por parte do magistrado.
Em nota, o magistrado do STF negou ter tentado adquirir o imóvel de Weintraub. "O gabinete do ministro Ricardo Lewandowski informa que, por intermédio de uma corretora imobiliária, o ministro visitou duas casas no referido condomínio em São Paulo, as quais estavam à venda, mas nenhuma delas de propriedade do depoente", diz o comunicado.
Weintraub depôs na Superintendência da corporação em São Paulo, numa investigação preliminar sobre fake news. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou que o ex-integrante do governo comparecesse à oitiva por causa de "diversas informações falsas acerca da atuação do STF e de condutas relacionadas a seus membros".