Incerteza é a marca do União Brasil hoje

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai discutir, na próxima terça-feira, o julgamento do pedido de fusão do DEM e PSL, para formar o União Brasil (UB). O relator é o ministro Edson Fachin e, caso o pedido seja aprovado, a legenda terá a maior bancada na Câmara. Mas nem isso é capaz de indicar que rumo seguirá a agremiação.

A documentação está na Corte eleitoral desde novembro passado. A obtenção do registro na Justiça Eleitoral é fundamental para que possa lançar candidatos nas eleições de outubro. O UB vai ter como presidente Luciano Bivar (PSL) e deve definir, nos próximos dias, os caminhos que tomará na campanha.

Até abril, a sigla divulgará se lança candidato ao Palácio do Planalto ou se indica um vice na chapa de algum presidenciável. O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro pode trocar o Podemos pelo UB, presença que virou motivo de discória dentro da legenda.

O presidente Jair Bolsonaro também tenta uma aproximação com o União, podendo abrir mão de nomes de bolsonaristas nos estados para fechar uma coligação. Em outra ponta, o UB não afasta formar uma coligação com a pré-candidata do MDB Simone Tebet.

Na avaliação do cientista político Leonardo Queiroz Leite, doutor em administração pública e governo pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), a sigla vai ter um papel importante na próxima legislatura. "Deve ser a maior bancada da Câmara. Isso dá um grande poder e mordem, também, uma fatia maior dos fundos partidários eleitorais", ressalta. Se aprovado, o UB terá a fatia mais generosa de recursos públicos para financiamento de campanha — R$ 160 milhões.

Dúvidas

Mesmo abocanhando boa parcela dos fundos eleitoral e partidário, a criação do UB ainda desperta dúvidas. Os líderes do DEM e do PSL, até agora, não se manifestaram sobre possíveis bandeiras do partido e a falta de posições claras pode enfraquecer futuras alianças.

"Qual é a ideologia desse partido? Ele defende os trabalhadores? Empresários? É uma coisa indefinida em termos programáticos. Isso empobrece o debate e não sabemos quais são as propostas para esse novo partido para o Brasil", observa Leonardo Queiroz.

O cientista político e sócio Arko Advice Lucas de Aragão aponta que a legenda pode nascer desunida. "O ACM Neto, por exemplo, é contra apoiar o Bolsonaro. Já Ronaldo Caiado é contra apoiar Moro. Me parece, hoje, uma fusão mais por sobrevivência do que por unidade ideológica", destaca. (LP)