Cidadania adia decisão sobre união

A executiva nacional do Cidadania se reuniu, ontem, para votar se indicaria a formação de federação com PSDB, Podemos ou PDT — que oficializaram propostas à sigla — e terminou o encontro rachado, após quase quatro horas de debates. Os 21 integrantes do grupo votaram cada possibilidade individualmente, e nenhuma delas obteve maioria.

Em relação ao PSDB, o placar ficou empatado: 10 votos a favor, 10 contra e uma abstenção — do ex-senador Cristovam Buarque, que é contra formar federação com qualquer partido pretendente. Nos casos do Podemos e do PDT, o placar ficou igual: 11 votos contrários e oito favoráveis.

Durante a reunião, ficou clara a divisão sobre o tema. A bancada de São Paulo e o presidente nacional, Roberto Freire, defendem a união com os tucanos, mas enfrentam resistência de outras duas alas. Puxada pelo senador e presidenciável do partido, Alessandro Vieira (SE), os representantes de Sergipe e do Paraná são mais propensos à federação com o Podemos e ao apoio à pré-candidatura do ex-juiz Sergio Moro. Um terceiro grupo, liderado pela bancada do Ceará, se aproxima do pré-candidato Ciro Gomes (PDT).

Climão

Pouco depois do encerramento do encontro, Vieira publicou uma mensagem em rede social deixando transparecer o racha e o mal-estar na sigla após o encaminhamento das negociações pela cúpula partidária, que tende a uma união com o PSDB, como revelou o resultado das votações.

"A Executiva do Cidadania encerrou sua reunião sem aprovar indicativo favorável à federação com PSDB, Podemos ou PDT. O diretório nacional voltará a tratar da questão mais adiante. Política se faz com construção respeitosa e diálogo, sem imposições ou atropelos", escreveu o senador, sem mencionar se segue ou não na corrida presidencial. Durante o encontro, Vieira votou contra a federação com as três siglas, mantendo-se na disputa eleitoral.

Na semana passada, o governador de São Paulo, João Doria, chegou a parabenizar os presidentes das duas siglas, Freire e Bruno Araújo, do PSDB, pela "ótima decisão de se criar uma federação partidária". A manifestação, contudo, foi prontamente contestada por Vieira, que incluiu o Podemos como opção de acordo.

Sem consenso, a Executiva deixou a decisão de formar ou não uma federação — e com quem — para a reunião do diretório nacional, marcada para 15 de fevereiro. Na ocasião, 120 integrantes poderão se posicionar a respeito.