Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso afirmou, na abertura dos trabalhos de 2022, que o presidente Jair Bolsonaro vazou dados sigilosos do inquérito sobre ataque hacker ao sistema da Corte eleitoral em 2018.
"Informações sigilosas que foram fornecidas à Polícia Federal, para auxiliar uma investigação, foram vazadas pelo próprio presidente da República em redes sociais, divulgando dados que auxiliam milícias digitais e hackers de todo mundo que queiram tentar invadir nossos equipamentos", criticou o ministro.
Barroso prosseguiu: "Tivemos de tomar uma série de providências de reforço da segurança cibernética dos nossos sistemas para nos protegermos. Faltam adjetivos para qualificar a atitude deliberada de facilitar a exposição do processo eleitoral brasileiro a ataques de criminosos", disparou.
Bolsonaro foi intimado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, a depor sobre o caso, na sexta-feira passada, na Superintendência da Polícia Federal, no Distrito Federal, após chegar ao fim o prazo de adiamento solicitado pela Advocacia-Geral da União (AGU). O presidente, no entanto, não compareceu à oitiva.
O inquérito foi aberto pelo Supremo, em agosto do ano passado, após o chefe do Executivo divulgar as informações sigilosas em live e nas suas redes sociais. Moraes, relator do caso, atendeu a um pedido do TSE, que apontou eventual crime do presidente previsto no Código Penal.
Na segunda-feira, Bolsonaro afirmou que não foi ao depoimento por recomendação do advogado-geral da União, Bruno Bianco. "Tudo que foi tratado por esse advogado, que nos defende, eu cumpri à risca. E com toda a certeza, agora, o plenário do STF vai decidir sobre essa questão", frisou, em entrevista à Rede Record. De acordo com ele, o documento não estava sob segredo: "Passou a ser sigiloso depois da minha live".