Especialistas se dividem

Especialistas ouvidos pelo Correio divergem sobre a força do discurso do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, na defesa da democracia e das eleições gerais de outubro.

O cientista político Antonio Testa classificou como longas e prolixas as declarações de Fux. "Na minha opinião, foi apenas um discurso gerencial. É claro que, como presidente do STF, tende a proteger a Corte. Nada de novo. Apenas reabriu o STF para fazer o mesmo de sempre. Nada muda", disse. "Discurso apaziguador, que é estilo do Fux. Mas o que ele falou foi vago e destacou que não vai querer estar no meio desse embate."

A advogada Andrea Costa, sócia do Loureiro, Costa e Sousa Advogados, também frisou o tom apaziguador do discurso, mas enfatizou que o ministro manteve a postura da Corte de agir com firmeza quando necessário. "Deixou muito claro que o STF não tolerará ataques ao regime democrático e às instituições políticas, expressando, claramente, que não serão aceitas ameaças às eleições, ao seu resultado ou aos eleitos", afirmou.

Para o cientista político André Rosa, o conteúdo do discurso do ministro aponta, sim, para um STF rigoroso, sobretudo em relação à campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. "Quando o ministro salienta a questão referente à violência, traz consigo as ameaças que já foram feitas à própria instituição pelo chefe do Executivo", sustentou. "Quando se levanta a suspeita deliberada de que as urnas eletrônicas não são seguras, o presidente deixa subentendido que as próprias instituições estão construindo um levante para destituí-lo do cargo. Logo, não é apenas descredibilizar as urnas, é uma forma de desacreditar a própria instituição TSE e também o STF. O resultado dessa narrativa de desconstrução impacta diretamente no comportamento do eleitor, que tenderá a ser mais combativo e, por vezes, violento." (IS e CN)