O Congresso retoma as atividades, hoje, em modelo híbrido, e vai se debruçar sobre temas importantes neste ano, a começar pela pressão que o Parlamento sofrerá de servidores federais por reajuste salarial. O presidente Jair Bolsonaro acena para aumentar os vencimentos apenas de integrantes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o que deflagrou uma crise entre o funcionalismo e o Executivo.
"É incorreto quando um governo faz proposta de reajuste, de correção de perda do poder de compra, para apenas uma categoria e com vistas à manutenção de apoio eleitoral", criticou o deputado Professor Israel Batista (PV-DF), líder da bancada da educação, em entrevista ao programa CB.Poder, parceria entre o Correio e a TV Brasília. Ele enfatizou que o Executivo "criou um problema para si mesmo" com a decisão de beneficiar apenas as categorias de segurança — há R$ 1,7 bilhão reservados no Orçamento deste ano para o aumento.
No programa, o deputado também comentou sobre a criação de federações partidárias, pelas quais as legendas que se unirem têm de atuar como se fossem uma só sigla por, no mínimo, quatro anos. Para o parlamentar, a ação conjunta "naturalmente traz uma complicação imensa, porque os partidos no Brasil têm um caráter muito estadual". "Os partidos vão ter de se entender. Se as direções nacionais das legendas decidirem por uma aliança, isso vai obrigar os estados a também se aliarem. Se o partido nacional decidir romper com outro grupo, os estados também vão ter de romper. E imagine que, no meio disso tudo, nós vamos ter uma eleição municipal, que vai ter de respeitar as alianças que estão sendo feitas agora", alertou.
Professor Israel Batista também lembrou que "este é um ano de rearranjo das forças políticas, que vai ser muito forte" e que as siglas devem ser mais coerentes a partir de agora, acertando as ideias do nacional com as do interior.
Sobre a corrida pela Presidência da República, o parlamentar disse acreditar que a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — líder de pesquisas de intenção de voto — e o presidente Jair Bolsonaro (PL) se manterá até o fim. Ele classifica a terceira via como "um bolsonarismo ilustrado ou de sapatênis". "Para mim, terceira via é quem consegue trazer para a população uma alternativa real", sustentou.
Segundo avaliou, a população brasileira tem visto nos gestos de Lula uma capacidade de articulação e de "gerar as forças necessárias para tirar o país desta paralisia". O deputado ainda afirmou que o bolsonarismo "é erupção de pus numa infecção que estava profundamente enraizada no Brasil".
*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa
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