Jair Bolsonaro (PL) disse, na noite desta segunda-feira (28/2), que até amanhã publicará portaria conjunta dos ministérios da Justiça e das Relações Exteriores para conceder vistos humanitários a refugiados da guerra entre Rússia e Ucrânia. O presidente acrescentou que já consultou o chanceler Carlos França para iniciar os trâmites.
Ainda sem informar quantas pessoas irá permitir que entrem no país, Bolsonaro ressaltou que, mesmo com o espaço aéreo fechado, os ucranianos serão bem-vindos no país.“Vamos abrir a possibilidade de ucranianos virem ao Brasil através do visto humanitário. Serão bem recebidos”, declarou o presidente.
Na tarde desta segunda, em coletiva na Embaixada da Ucrânia, o Encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, confirmou que os dois países não estavam tratando sobre o tema.
O mecanismo de vistos humanitários já foi usado no Brasil em outros episódios. O mais recente foi o acolhimento brasileiro aos venezuelanos e haitianos. Implementou, também, a mesma política de vistos humanitários para os refugiados do conflito na Síria. Além disso, o país também concede residência para fins de política migratória a cubanos e dominicanos.
A colônia ucraniana no Brasil é estimada em 600 mil descendentes, sobretudo no estado do Paraná. Desde o início da guerra no Leste Europeu, já foram 422 mil pessoas que atravessaram a fronteira para sair da Ucrânia. Tkach informou que apenas ontem foram contabilizados 120 mil pessoas que saíram do país.
Posicionamento no conflito
No domingo, Bolsonaro afirmou que iria tratar com neutralidade o conflito entre Rússia e Ucrânia. Na entrevista desta segunda, manteve o mesmo tom. E continuou sem ser claro sobre o posicionamento dele em relação à invasão.
"Nós temos que ter equilíbrio. Vamos resolver o assunto, não vai ser na pancada. Afinal de contas, você está tratando com uma das maiores potências bélicas nucleares de um lado. Do outro lado, está a Ucrânia, que resolveu abrir mão de suas armas no passado", explicou em entrevista.
O presidente também respondeu à sugestão do encarregado ucraniano, dita em coletiva, mais cedo, para que conversasse com o presidente, Volodymyr Zelensky. "Alguns querem que eu converse com o Zelenski, o presidente da Ucrânia. Eu, no momento não tenho o que conversar com ele", declarou a autoridade máxima brasileira.
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