A embaixada dos Estados Unidos cobrou um posicionamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) a respeito da guerra na Ucrânia. Nesta quinta (24/2), o encarregado de negócios da embaixada dos EUA, Douglas Koneff, disse que o parecer do Brasil "importa muito" e que espera que o governo brasileiro se posicione.
"Para buscar qualquer posicionamento do presidente [Bolsonaro], teria que procurar o Planalto, mas as falas que condenam as ações russas que violam as leis ajudam muito a diminuir essa crise", disse Koneff, que substitui o embaixador dos EUA no Brasil no momento.
O diplomata também citou que o Brasil tem um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas e ressaltou que falas que condenam as ações russas ajudam a diminuir a crise no Leste Europeu.
Bolsonaro ficou em silêncio e ainda não tomou partido sobre os ataques da Rússia à Ucrânia. Em live, nesta quinta, ele criticou o posicionamento do vice-presidente Hamilton Mourão sobre o papel do Brasil na guerra da Ucrânia. O chefe do Executivo afirmou que o vice está "dando peruada naquilo que não lhe compete".
Jair Bolsonaro admitiu que a visita à Rússia tomou proporções inesperadas e que, desde o ano passado, quando foi pela primeira vez, o mundo vem conversando com o governo brasileiro. Apesar de não criticar o presidente russo Vladimir Putin, que ordenou a invasão à Ucrânia, Bolsonaro disse que o posicionamento dele é pela paz.
"Sempre, na medida do possível, queremos a paz, a guerra não interessa a ninguém, somos da paz. Teremos uma reunião [com os ministros] para dimensionar o que está acontecendo e o Brasil tomar sua posição", afirmou.
Solução diplomática
O professor de direito internacional e de relações internacionais Luís Fernando Baracho, da Universidade São Judas Tadeu (USJT), lembra que o Brasil vai ocupar, pela 11ª vez, uma cadeira no Conselho de Segurança e terá de apresentar uma posição diplomática a respeito do conflito.
“Individualmente, o que se pode fazer em um conflito dessa natureza é muito pouco. Mas, por meio de órgãos multilaterais, em especial via Conselho de Segurança, o Brasil pode buscar construir canais diplomáticos de solução pacífica do conflito”, destaca.
“Todavia, ainda está para se confirmar o que a diplomacia presidencial pensa a respeito do conflito e o que a chancelaria brasileira pretende realizar. Experiência diplomática nós temos, o que falta saber é se haverá uma orientação construtiva dos tomadores de decisão em Brasília”, aponta o especialista.
Baracho também citou que a Rússia possui um regime autoritário competitivo, ou seja, um modelo híbrido com características democráticas, mas imersas em um contexto maior autoritário. “Governos com esse tom tendem a ser centralizadores e muitas vezes personalistas. Logo, quando as coisas vão bem, a liderança de plantão se beneficia, quando vão mal, há de encontrar um culpado”, explica.
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