Desde que foi declarado alvo de um pedido de suspeição apresentado pelo subprocurador-geral Lucas Furtado, o procurador Júlio Marcelo de Oliveira, do Ministério Público, tem feito críticas aos colegas, e ao ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), que analisa a ação.
No pedido de suspeição, é destacada a necessidade de afastar Oliveira do processo em que o pré-candidato à Presidência da República Sergio Moro (Podemos) é investigado por supostas irregularidades em sua contratação pela consultoria americana Alvarez & Marsal.
A alegação de Furtado, autor da representação que deu origem ao caso Moro no tribunal, é a de que Oliveira mantém laços de amizade com o ex-juiz da Lava-Jato e que, por isso, não teria isenção para levar adiante o processo que apura se houve conflito de interesse na contratação do ex-ministro da Justiça na iniciativa privada.
Em manifestação enviada ao gabinete de Dantas, Oliveira reagiu e disse que a “esdrúxula arguição de suspeição” é “totalmente descabida” e deveria ser considerada “improcedente”. Segundo ele, trata-se de uma estratégia de Furtado para “impedir que o membro regularmente sorteado e com opinião divergente da sua” atue no processo sobre a consultoria de Moro à Alvarez & Marsal.
Para o procurador, não há a mínima base na acusação de que manteria “amizade íntima ou interesse no julgamento do processo” envolvendo Moro, por causa de “antigas e esporádicas postagens em redes sociais”, nas quais registrou apenas “admiração e apreço pelo trabalho desenvolvido no combate à corrupção”.
Jantar com Lula e vaga no STF
Acirrando ainda mais os ânimos, Júlio Marcelo Oliveira cita a presença do ministro Bruno Dantas no jantar em homenagem ao ex-presidente Lula, realizado em dezembro, e do suposto interesse em ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), caso o petista seja eleito presidente no pleito deste ano.
“Por um mínimo de coerência, certamente também se declarará suspeito para relatar o processo principal, uma vez que Vossa Excelência, como noticiado por toda a mídia, já no curso do processo, agora no último mês de dezembro, vem de participar de festivo jantar promovido por grupo de advogados ostensivamente hostis à operação Lava Jato, ao ex-juiz Sergio Moro e aos membros do MPF, jantar de natureza político-partidária, com a finalidade de manifestar apoio à pré-candidatura do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que poderá, se eleito for, nomear Vossa Excelência para o cargo de ministro do STF, de onde se inferiria um possível interesse de Vossa Excelência na existência, no desenrolar e no desfecho do processo principal, uma vez que o ex-juiz Sergio Moro figura como pré-candidato adversário do ex-presidente”, escreveu no documento.
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