eleições

Federações testam a paciência dos partidos para fazer negociações

Dispositivo implantado na reforma aprovada no ano passado vem obrigando partidos a se entenderem. Nem sempre a maior legenda impõe aquilo que deseja

Tainá Andrade
postado em 22/02/2022 06:00
 (crédito: Estadão Conteúdo)
(crédito: Estadão Conteúdo)

As federações trouxeram, para as eleições deste ano, um item de complexidade para o já difícil quadro de formação de alianças entre os partidos. Isso porque esse dispositivo, instituído na reforma eleitoral aprovada pelo Congresso no ano passado, obriga os partidos a ficarem juntos pela próxima legislatura — algo que nem sempre interessa, pois várias coligações seguem regras de conveniência política visando exclusivamente a conquista do voto. No atual quadro eleitoral, os partidos vivem diferentes estágios para a formação das federações.

Um dos principais casos é o que envolve PT e PSB, que não se acertam sobre o casamento dos próximos quatro anos que envolve, ainda, PCdoB e PV. E com o anúncio da pré-candidatura do senador Fabiano Contarato ao governo do Espírito Santo, no último domingo, o problema aumentou. A decisão veio semanas depois que o governador Renato Casagrande (PSB) recebeu o ex-juiz Sergio Moro (Podemos), causando desconforto no PT.

Da parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), há disposição em construir a federação com a inclusão do PSB para formar maioria na Câmara dos Deputados. Por isso, continuam trabalhando para resolver os problemas regionais.

E é preciso ainda resolver a questão paulista: o PT lançou Fernando Haddad e o PSB, Márcio França. Nenhum dos dois abre mão de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. Impasses como esse se repetem em todo o país para petistas e socialistas.

Até abril, o PT se esforçará para concluir as negociações. Isso porque, caso Lula vença a corrida presidencial, contará com uma base mais unida nas votações no Congresso Nacional e ainda terá mais condições de resistir às investidas do Centrão — hoje quase todo fechado com o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Centro-direita

Se na esquerda o diálogo parece ficar mais complicado a cada dia, na centro-direita o entendimento parece mais fácil. Os presidentes do União Brasil, Luciano Bivar, do MDB, Baleia Rossi, e do PSDB, Bruno Araújo, admitiram a possibilidade de desistir de uma candidatura própria nacional e várias estaduais para formar uma federação entre as três siglas.

O União Brasil, porém, tem que resolver entraves na Bahia, no Amapá e em Pernambuco. Para compensar, estados-chave — como São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro — já têm o aval dos representantes no partido. Nos bastidores do MDB, discute-se a hipótese de fechar a Federação ou uma aliança forte com o UB para a corrida ao Palácio do Planalto já no próximo mês.

A possibilidade, nesse caso, é de uma convergência em torno da senadora Simone Tebet (MDB-MS). Os dois partidos trabalham para atrair os tucanos, mas incomodam-se com a ideia de que o governador de São Paulo João Doria seja o nome que vá representá-los na disputa ao Palácio do Planalto.

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