A nota da Polícia Federal contra o presidenciável pelo Podemos, Sergio Moro, pode ser um entrave na candidatura do ex-juiz. Isso porque, na última terça-feira (15/2), a instituição chamou Moro de mentiroso depois de ele dizer, durante entrevista a uma rádio, que a corporação não está empenhada no combate à corrupção. A resposta da PF causou mal-estar dentro do partido e entre os parlamentares da legenda no Congresso, que já debatem a viabilidade da candidatura do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública.
Há, ainda, o temor de que o confronto de Moro com a PF respingue em outros partidos interessados em se coligar com o Podemos. Para o cientista político André César, a legenda não tem força para carregar sozinha uma campanha.
"Isso ocorre muito em função da figura do Moro, que tem um histórico ruim na política. Ele tem dificuldades em se articular por conta da Lava-Jato, por exemplo, (cuja atuação) criou muitos desafetos", explicou.
As relações entre Moro e PF são difíceis desde que ele deixou o ministério atacando Jair Bolsonaro, acusando-o de interferir na instituição para, supostamente, proteger parentes e aliados contra algumas investigações. No começo de janeiro, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou por mais 90 dias o inquérito que apura a intervenção do presidente.
"Tudo isso coloca mais obstáculos na eleição dele. Se não houver uma mudança muito rápida, ele vai ter que buscar outra alternativa, como o Senado ou a Câmara", observou André César.
Por meio de nota, a PF rebateu a acusação de Moro. "O ex-ministro não aponta qual fato ou crime tenha conhecimento e que a PF estaria se omitindo a investigar. Tampouco qual inquérito policial em andamento tenha sido alvo de ingerência política ou da administração".
Em nova entrevista, na última quarta-feira, Moro contra-atacou: "Prendeu o bagrinho da corrupção? Isso sempre teve. A grande corrupção, os grandes tubarões… Não está tendo prisão nenhuma", acusou.
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