Sem interesse em candidaturas populistas e no vácuo deixado pelo ex-governador de São Paulo e ex-candidato à Presidência da República Geraldo Alckmin, o partido Novo trabalha para conquistar o eleitorado conservador de São Paulo. Boa parte desse bolo sustenta os números da rejeição ao Partido dos Trabalhadores (PT), mas também abrange aqueles que abandonaram o atual governo na corrida das eleições 2022.
Com isso, o Novo segue criando as bases para a candidatura ao Planalto do cientista político Luiz Felipe d'Ávila, o antipopulista. O nome do empresário entrou na disputa no grupo da chamada terceira via, que tenta viabilizar um candidato para fazer frente à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No atual contexto em que Alckmin trabalha para ser candidato a vice-presidente na provável federação liderada pelo petista, o ex-governador tem dito que o acordo está praticamente fechado e que resta apenas definir o partido ao qual ele se filiará até o início de abril. O ex-tucano afirma que a escolha deve ficar entre o PSD e o PSB, mas o MDB também estuda convidar o ex-governador para se filiar.
Se o PSD optar por receber Alckmin, a federação de Lula chega mais forte às eleições com apoio de um partido do chamado Centrão do Congresso Nacional para enfrentar o atual presidente. Toda essa movimentação é bastante animadora para o candidato liberal, que acredita se beneficiar com a aglutinação dos oponentes em prováveis federações. Luiz Felipe d'Avila apresenta a equação na entrevista a seguir.
Como o senhor analisa o vácuo deixado pelo ex-governador Geraldo Alckmin, em São Paulo, após ele se retirar da corrida pelo governo do Estado para compor chapa à Presidência com um ex-adversário?
Eu vejo a aliança (entre Lula e Alckmin) como algo muito difícil de render algo positivo. São visões antagônicas de país. O PSDB foi o partido que governou com uma pauta focada na modernização do Estado, enquanto o PT foi o partido sabotador das medidas que buscavam essa mesma modernização, como a reforma trabalhista ou a reforma política. Não deixa de ser algo surpreendente, mas pouca coisa de resultado concreto. O que me parece mais importante para o eleitor, contudo, não é a questão política, mas o viés econômico. Os eleitores estão preocupados com emprego, renda, pobreza, miséria, estão preocupados em sobreviver.
O senhor acredita que pode superar a polarização política para alcançar o segundo turno?
Lula e Bolsonaro são os responsáveis pela polarização política no Brasil, mas ambos são populistas. Por isso, acredito na possibilidade de alguém com características distintas chegar ao segundo turno, ou seja, alguém que represente oposição àquilo que eles simbolizam. (É preciso) Alguém capaz de retomar o crescimento e o emprego no Brasil, após uma década de estagnação econômica e desemprego, além da queda bruta de investimentos, inclusive, estrangeiros no país. No caso da nossa candidatura, estamos rodando as cidades do interior paulista nesta semana, e a recepção é sempre muito positiva.
O vácuo deixado por Alckmin na corrida ao governo de São Paulo abre mais espaço ao Novo?
Com a retirada da candidatura de Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo, a eleição está completamente aberta. Temos grande esperança no Estado mais rico da União, onde temos Vinícius Poit como pré-candidato ao governo, um dos deputados federais mais bem votados do estado. Embora seja uma competição muito difícil, existe uma enorme oportunidade em São Paulo.
A saída do grupo do ex-candidato João Amoêdo é factível?
Não é verdade. Amoedo (ex-candidato do partido à Presidência) é um filiado do partido, não tem cargo ou posição de comando. Pessoalmente, tenho uma relação muito boa com ele e não temos essa informação, que foi vazada por uma pessoa que perdeu a eleição do diretório municipal do partido em São Paulo, quando o grupo do Amoedo perdeu. A verdade sobre o Novo, atualmente, é que temos um processo seletivo de candidatos muito forte e nominatas fortes nos colégios eleitorais. Temos o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, indo para a reeleição, a minha candidatura à Presidência, e muito entusiasmo.
Quanto a alianças políticas, o senhor cogita ingressar em alguma federação?
Não. Por enquanto, a ideia é caminharmos sozinhos. Neste momento, não trabalhamos com a perspectiva de produzir alianças, mas a aliança é algo para ser discutido em torno de propostas afinadas com o Novo. Entendemos que o Brasil deve voltar a crescer e, para isso, precisamos de uma pauta focada em meio ambiente, que incorpore as metas de redução de emissões de gases do efeito estufa com políticas de carbono neutro, que podem gerar até R$ 250 trilhões para o Brasil. Nós vamos voltar a crescer se tivermos juízo na questão ambiental.
E vocês apoiarão algum candidato da polarização no segundo turno?
Não acredito em dois populistas no segundo turno, não vejo essa possibilidade. Caso sim, não apoiaremos candidatos populistas. Lula é um verdadeiro desastre para o Brasil. Mas acredito que o principal a ser ressaltado é que a continuidade da polarização política é algo muito negativo. Todos sabemos que o PT é um partido marcado pelos maiores escândalos de corrupção no Brasil. A eleição do Lula ou a continuidade do Bolsonaro não é nada bom para recuperar a confiança internacional e o orgulho de ser brasileiro.
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