ELEIÇÕES 2022

União Brasil já está sendo cobiçado por candidatos ao Planalto

No entanto, internamente, várias arestas precisam ser aparadas em nome da união da legenda

Cristiane Noberto
postado em 12/02/2022 06:00
 (crédito: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados)
(crédito: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados)

O recém-nascido União Brasil (UB) mal chegou ao cenário político e eleitoral e já é motivo de cobiça. Com a maior bancada da Câmara dos Deputados, capilaridade em várias unidades da Federação e uma boa parcela dos fundos Eleitoral e Partidário, começa a ser cortejado por aqueles que querem ter ao lado um aliado poderoso. Mas esta é a parte visível do gigante, pois, internamente, várias arestas precisam ser aparadas em nome da união da legenda.

Uma questão que precisa ser resolvida é como ficam os bolsonaristas, que antes integravam as bancadas do DEM e do PSL — os dois partidos que deram à luz ao União Brasil. A cúpula trabalha com a certeza de que haverá saídas, como a da deputada Carla Zambelli (PSL-SP), que ontem anunciou estar embarcando rumo ao PL, partido do presidente Jair Bolsonaro. O comando da nova legenda, porém, não acredita numa debandada, capaz de desidratar a bancada no Congresso.

"A legenda tem TV e rádio, estrutura, fundo, capilaridade e está em todas as unidades da Federação. Vamos conseguir equilibrar, entre saídas e ingressos, e permanecer ali em torno de 70 deputados", previu o primeiro-secretário da legenda, Efraim Neto (DEM-PB).

Outra questão a ser equalizada são as candidaturas nos estados. Na Bahia desde já há um impasse: parte da bancada do UB pretendia apoiar o ministro da Cidadania, João Roma, para o Palácio de Ondina, mas o fator impeditivo é secretário-geral da legenda, ACM Neto — que pleiteia o mesmo posto.

Cenário intrincado

Se o tabuleiro de xadrez nos estados mostra peças em situação complicada, a corrida presidencial também aponta para um cenário de difícil coesão dentro do UB. Uma parte da agremiação quer seguir Bolsonaro em outubro, mas outra flerta com a possibilidade de atrair Sergio Moro (Podemos) para os quadros.

Segundo o presidente do UB, Luciano Bivar, já houve conversas com o ex-juiz da Operação Lava-Jato no passado e as coisas estão "fluindo". A ideia, no entanto, é rechaçada com veemência pela presidente do Podemos, Renata Abreu.

"Moro é o melhor pré-candidato para a Presidência e se destaca com seu potencial eleitoral, capaz de acabar com a polarização dos extremos nas eleições deste ano. É natural que seja constantemente cortejado por outros partidos. Mas não existe conversa sobre mudança", garantiu. A respeito da possibilidade de uma federação com o UB, Renata respondeu que não se discute isso. Na mesa, há, ainda, a possibilidade de o União Brasil dar o vice da chapa de Moro.

"Caso as divergências do partido não sejam superadas, a começar pelo alinhamento entre Luciano Bivar e ACM Neto, o partido corre o risco de contrariar o propósito pelo qual foi fundado", alerta Matheus Albuquerque, sócio da consultoria Dharma Politics. (Colaborou Tainá Andrade)

 


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