ELEIÇÕES 2022

Velhos políticos devem voltar a aparecer nas urnas, acreditam especialistas

Analistas indicam que deputados e senadores experientes são importantes e necessários, apesar da conotação negativa por vezes associada ao termo "políticos tradicionais"

Bernardo Lima*
Taísa Medeiros
postado em 10/02/2022 19:44 / atualizado em 10/02/2022 19:46
Futuro de políticos do país será decidido nas próximas eleições -  (crédito: Evaristo Sá/AFP)
Futuro de políticos do país será decidido nas próximas eleições - (crédito: Evaristo Sá/AFP)

Nomes que não despontavam na corrida eleitoral há anos aparecem novamente como possibilidade para o pleito de outubro. Nas eleições de 2018 políticos com trajetória consolidada acabaram ficando de fora dos cargos. Contudo, de acordo com especialistas, 2022 deve trazer de volta a política tradicional do país, com figuras conhecidas e que trazem a experiência e vivência que o eleitor brasileiro pode voltar a considerar essencial.

Rodrigo Rollemberg (PSB), Agnelo Queiroz (PT), Roseana Sarney (MDB), Beto Richa (PSDB), Marconi Perillo (PSDB), Eunício de Oliveira (MDB), Jorge Viana (PT) e Romero Jucá (MDB) são alguns dos políticos cotados para concorrerem a uma cadeira no Congresso Nacional. Todos concorreram a mandatos em 2018 e foram desbancados por representantes da "nova" política.

O ex-presidente do Senado Eunício de Oliveira (MDB-CE), por exemplo, acabou ficando em terceiro lugar na disputa de 2018 e perdeu sua cadeira na Casa. A intenção de Eunício era assumir a presidência nacional do MDB. Mas, com o desgaste da derrota eleitoral, acabou perdendo a vaga para o deputado Baleia Rossi (MDB-SP). Com isso, dedicou os dois últimos anos a construir alianças para viabilizar uma volta ao Congresso Nacional em 2022.

Governador do estado de Goiás por quatro vezes (e senador por um mandato), Marconi Perillo (PSDB) foi derrotado em 2018, ficando em quinto lugar. Em 2019, foi denunciado pela Lava Jato por supostamente ter recebido propinas da empreiteira Odebrecht. Perillo já oficializou que será candidato em 2022, mas desta vez a deputado federal.

Romero Jucá (MDB-RR) também ficou de fora do Senado em 2018, ao não conseguir renovar seu mandato pela quarta vez consecutiva. Jucá já admite, nos bastidores, que pretende concorrer ao Senado em 2022.

Análise 

Especialistas indicam que deputados e senadores experientes são importantes e necessários, apesar da conotação negativa por vezes associada ao termo “políticos tradicionais”. É o que observou o professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF), Marcus Ianoni. “Creio que houve uma certa decepção com a chamada nova política, que não entregou o que prometeu. O ex-governador do Rio, por exemplo, sofreu impeachment. Bolsonaro era um político antigo, mas se elegeu presidente em 2018 navegando na onda da nova política e hoje está muito mal avaliado pelos eleitores”, analisou.

Em 2020 já foi possível perceber o movimento do eleitor de retornar aos nomes mais conhecidos. Para Rócio Barreto, cientista político e diretor da Royal Politics Consultoria e Marketing Político, a narrativa “apolítica” foi embora na pandemia. “Os políticos eleitos em 2018 não se mostraram contra a corrupção e a 'velha política', pelo contrário, começaram a nadar junto com os velhos políticos”, ressaltou.

Ianoni acredita que este movimento da volta ao tradicional pode favorecer políticos mais voltados à esquerda, especialmente a nível nacional. “Penso que a maré está favorável para políticos de centro-esquerda e esquerda, que sejam experientes e que não sejam vistos como corruptos. Lula, por exemplo, perdeu o estigma de corrupto e é visto como experiente. Por isso, lidera a preferência para a disputa presidencial”, avaliou.

É o que também acredita Barreto: “Com o cancelamento dos processos de Lula pelo STF, a narrativa do PT ganhou mais força ainda, o que faz com que o partido ganhe espaço. Ele vem ocupando esse espaço de político experiente, que soube fazer acontecer na época que era gestor público. Isso vai fazer com que o PT aumente sua bancada na Câmara e Senado, tendo um governo melhor conduzido pelo parlamento”, observou.

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