Crise entre Poderes

Bolsonaro provoca STF: "Vamos exigir que joguem dentro das 4 linhas"

Em comentário semelhante, a apoiadores, na terça-feira (1º/2), presidente criticou medidas em meio à pandemia e disse que "é possível ganhar a guerra dentro das quatro linhas"

Ingrid Soares
postado em 02/02/2022 13:53 / atualizado em 02/02/2022 13:54
 (crédito: Edu Andrade/Ascom/ME)
(crédito: Edu Andrade/Ascom/ME)

Em meio a mais uma crise com o Judiciário, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a enviar indiretas ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (2/2). Durante evento sobre a mudanças na prova de vida do INSS ocorrido no Palácio do Planalto, o chefe do Executivo afirmou que atua para que o Brasil não se converta numa ditadura e criticou que há pessoas de outros Poderes "conscientes", mas que, a respeito de uma minoria, "não sabe o que pensam".

"Geralmente quem leva um país para a ditadura é o chefe do Executivo. No Brasil é o contrário: quem segura o Brasil para não caminhar rumo à Venezuela é o chefe do Executivo. Tem muita gente de outros Poderes conscientes. Alguns poucos, não sei o que pensam", apontou.

Sem citar nomes, Bolsonaro então completou que cada vez mais exigirá que "o outro lado jogue dentro das quatro linhas da Constituição".

"Mas vamos fazer a nossa parte, vamos nos empenhar. Vamos cada vez mais fazer valer a força da nossa Constituição. Nós jogamos dentro das quatro linhas [da Constituição]. Vamos cada vez mais exigir que o outro lado, alguns poucos do outro lado, pouquíssimos, joguem dentro das quatro linhas".

Ontem, em comentário semelhante, a apoiadores, Bolsonaro criticou medidas em meio à pandemia e disse que "é possível ganhar a guerra dentro das quatro linhas". "A gente está jogando dentro das quatro linhas. Tem gente que fica chateado: ‘Tá jogando dentro das quatro linhas’. Estou. Dá para ganhar essa guerra, vamos ganhar essa guerra dentro das quatro linhas", disse.

Na mesma data, durante o discurso da sessão de abertura do ano judiciário, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, pediu tolerância e estabilidade em meio ao ano eleitoral de 2022 e fez ponderações sobre como a política e as eleições despertam paixões "acerca de candidatos, de ideologias e de partidos”, mas destacou não haver mais espaço para “violência contra as instituições públicas”.

A mensagem é um recado direto ao presidente que, ao longo de todo o ano passado insurgiu críticas contra as decisões e membros da Corte e ainda colocou em dúvida o pleito eleitoral. O magistrado afirmou ainda que a democracia não deve dar lugar a disputas baseadas no “nós contra eles”. 

O recado de Fux veio em meio a mais uma crise entre o chefe do Executivo e o Supremo, uma vez que Bolsonaro faltou ao depoimento que deveria prestar à Polícia Federal (PF) no âmbito das investigações sobre supostos vazamentos de documentos sigilosos em relação a um ataque hacker aos servidores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Em razão da pandemia, o evento ocorreu por meio de videoconferência e também não contou com a presença do chefe do Executivo, que enviou uma mensagem justificando a ausência. Ele enviou uma mensagem de cumprimento a Fux, relatando sobrevoo às áreas atingidas pelas fortes chuvas em São Paulo.

Também ontem, o ministro Luís Roberto Barroso, que além de membro do STF é presidente do TSE, afirmou que Bolsonaro facilitou a exposição do processo eleitoral brasileiro a ataques de criminosos.

 

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