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Bolsonarista vira corregedor do Fisco

O ministro da Economia, Paulo Guedes, nomeia simpatizante do presidente para cargo de relevância na Receita Federal

Raphael Felice
postado em 02/02/2022 00:01
 (crédito:  Instagram/Reprodução)
(crédito: Instagram/Reprodução)

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, o auditor João José Tafner foi nomeado corregedor da Receita Federal. A publicação saiu, ontem, no Diário Oficial da União, assinada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele assumirá uma área de interesse do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Tafner participou de campanhas bolsonaristas em 2018 e, em imagens nas redes sociais, ele aparece com a camisa da Seleção Brasileira — que virou uma espécie de uniforme dos apoiadores do presidente — ao lado de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do candidato a deputado estadual pelo PSL Marcus Dantas. A proximidade do novo corregedor com o clã Bolsonaro é alvo de preocupação dentro da Receita.

Servidor público federal há quase 20 anos, Tafner assumiu, no ano passado, a direção administrativa-financeira da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), empresa vinculada ao Ministério da Economia.

Apesar do longo tempo como servidor da Receita, a nomeação de Tafner causou estranheza porque ele não tem experiência no sistema de correição ou com investigações, pois fez carreira no setor aduaneiro — fiscalização, controle e tributação das operações de comércio exterior no Brasil. Tampouco ocupou cargos de liderança no Fisco.

A preocupação na Receita ocorre porque Flávio Bolsonaro já entrou com representações contra membros da Corregedoria, alegando irregularidades na atuação dos auditores do Rio de Janeiro no caso das rachadinhas, de que ele é alvo. O filho 01 do presidente e seus advogados chegaram a se reunir com o secretário da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, para apresentar suas suspeitas, mas o Ministério da Economia concluiu que não houve infração e arquivou o caso.

Como o papel primário das corregedorias é basicamente de fiscalização interna para prevenir e apurar irregularidades praticadas por agentes públicos na esfera administrativa, há temor de que Tafner possa ser um instrumento de interferência política para atender interesses da família Bolsonaro dentro do órgão.

A corregedoria da Receita Federal estava sem comando desde julho do ano passado, quando terminou o mandato de José Pereira de Barros Neto. Em 2021, o ministro Paulo Guedes tinha planos de indicar o auditor Guilherme Bibiani para o posto.

Em pouco mais de um mês, essa é a segunda alteração que Guedes faz na Receita Federal. Em dezembro, o titular da Economia demitiu José Barroso Tostes, que era assessor especial do órgão.

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