Em busca de mais popularidade, o presidente Jair Bolsonaro produziu uma imagem bizarra no fim de semana, durante um de seus passeios de moto: um vídeo comendo asa de frango com farofa numa barraca de rua de Brasília, o que não seria nada demais durante uma campanha eleitoral, não fosse o fato de se lambuzar com a farinha muito mais do que uma criança o faria. Essa imagem não combina com a liturgia do cargo de presidente da República, nem para a maioria dos seus eleitores. Sem trocadilho, o ministro Fábio Faria (Comunicações) foi o autor do registro, que depois apagou, mas já era tarde: o vídeo viralizou no Twitter, provocando forte reação negativa. O que era para ser um bom lance de marketing político, mostrando Bolsonaro como um homem popular, virou um exemplo de falta de asseio e educação.
Para se recuperar da pisada de bola, em solenidade no polo Gaslub Itaboraí, ontem, Bolsonaro atacou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "O mesmo cara que quase quebrou o Brasil de vez e deixou um prejuízo de quase R$ 1 trilhão à Petrobras quer voltar à cena do crime. Se aquele bando, aquela quadrilha voltar, não vai ser só a Petrobras que eles vão roubar, vai ser a nossa liberdade. É inadmissível achar que aquele bandido vai resolver os problemas do país (…)." Na mesma ocasião, disse que José Dirceu será ministro da Casa Civil e Dilma Rousseff, da Defesa, se Lula for eleito. Em resposta, Dirceu declarou à imprensa que não pretende ocupar nenhum cargo no governo, sua prioridade é cuidar dos processos judiciais aos quais responde. Dilma Rousseff não se manifestou.
Lula voltou a sinalizar que pretende formar a sua chapa com o ex-governador tucano Geraldo Alckmin na vice. "Eu tenho de ser o candidato de um movimento que ultrapasse as fronteiras do PT. De um movimento que quer redemocratizar o país de verdade; que quer restabelecer os direitos do povo trabalhador; que quer restabelecer o acesso à educação, à creche, ao ensino universitário; que quer tratar a saúde e a educação como investimento e não como gasto", disse o ex-presidente da República, durante um seminário do PT, com a participação de parlamentares da legenda. Na mesma linha, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega anunciou que não será o ministro da Fazenda de um eventual governo Lula. Lula se movimenta para tecer alianças ao centro e esvaziar as articulações para a formação de uma terceira via.
Saiba Mais
-
Política
Ex-desembargadora alerta para tratamento dos dados de doadores de campanhas
-
Política
'Zambelli Mentirosa': Internet repreende deputada após fakenews sobre vacina
-
Política
Eleições: saiba o que impede o voto e como quitar as pendências eleitorais
-
Política
Pré-candidato à Presidência, Janones diz que governo Bolsonaro "ressuscitou" Lula
Saiba Mais
- Política Ex-desembargadora alerta para tratamento dos dados de doadores de campanhas
- Política 'Zambelli Mentirosa': Internet repreende deputada após fakenews sobre vacina
- Política Eleições: saiba o que impede o voto e como quitar as pendências eleitorais
- Política Pré-candidato à Presidência, Janones diz que governo Bolsonaro "ressuscitou" Lula
Terceira via
Quem ainda fala em terceira via é o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que propõe uma convergência de forças reunindo Sergio Moro (Podemos), Alessandro Viera (Cidadania), Simone Tebet (MDB) e Rodrigo Pacheco (PSD), porém, exclui Ciro Gomes (PDT). O tucano enfrenta forte dissidência interna no PSDB, inclusive em São Paulo, ao mesmo tempo em que aposta todas as fichas numa federação com o Cidadania para romper a inércia de sua candidatura, que não decola. Entretanto, há forte resistência ao governador paulista na legenda comandada por Roberto Freire, que defende a federação com o PSDB.
Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Paraíba, Distrito Federal, Goiás, Pará e Acre são estados onde a aliança do Cidadania com os tucanos não dá liga. Doria está sendo ensanduichado em São Paulo por Lula e Bolsonaro. Sua âncora política é o Palácio dos Bandeirantes, do qual terá de se afastar para disputar a Presidência e passar o cargo ao vice-governador Rodrigo Garcia. Cresce a pressão para que Doria antecipe sua saída do governo paulista para fazer campanha pelo país, mesmo correndo risco de se cristianizado pelos aliados paulistas.
Sergio Moro sentiu o desgaste do primeiro grande ataque especulativo à sua candidatura, em razão da quebra de sigilo do processo do Tribunal de Contas da União (TCU), que investiga seu contrato de consultoria com o escritório norte-americano Alvarez & Marsal, para o qual Moro prestou serviços por 10 meses, tendo a empresa recebido cerca de R$ 42,5 milhões. O ex-juiz revelou que recebeu um salário bruto de US$ 45 mil no período em que trabalhou para a consultoria americana. O valor total recebido e convertido é de R$ 3,65 milhões. O ex-ministro desafiou Lula e Bolsonaro a revelar seus ganhos e, ontem, praticamente pôs um ponto final nas especulações de que migraria do Podemos para o União Brasil, o partido que resultou da fusão entre o PSL e o DEM, no qual disporia de muito mais recursos para a campanha.
Quem se beneficiou dessa polêmica foi o ex-ministro Ciro Gomes, que havia sido atropelado por Moro nas pesquisas, mas conseguiu se recuperar e está em empate técnico com o ex-juiz. Ambos buscam uma federação para chamar de sua e, também, conversam com o Cidadania. Quem está em vias de ficar sem candidato é o PSD de Gilberto Kassab, uma vez que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), que nunca vestiu o figurino de pré-candidato para valer, já comunicou aos amigos que pretende jogar a toalha. Diante disso, Kassab mira os dissidentes do PSDB, especialmente o governador gaúcho, Eduardo Leite, que perdeu as prévias para João Doria. Ou seja, muita água está rolando.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.