As incógnitas acerca da escolha para a vice-presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentam conforme o tempo passa. No partido, já é dado como certo que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), desistiu da candidatura à presidência da República. Com isso, o foco da campanha de Lula é ter o apoio do PSD ainda no primeiro turno.
A decisão do rumo que o partido de Pacheco vai tomar é importante. pois o PSD representa um partido de “centro”, e essa sinalização é fundamental em um cenário com as eleições polarizadas. Dono de uma das maiores bancadas do Congresso, o apoio do PSD é valioso para os partidos que disputam a Presidência em 2022.
Mesmo com interesse dos petistas, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, resiste à ideia de apoiar a candidatura à Presidência de Lula já no primeiro turno das eleições de 2022, segundo interlocutores próximos. Mesmo com chances cada vez menores de ter um candidato próprio, o PSD só deve apoiar o PT após os resultados das eleições. Segundo os interlocutores, isso não deve ocorrer pela pluralidade dos parlamentares do partido, que não chegaram em acordo sobre qual candidatura devem apoiar. “Se for para qualquer lado agora, racha geral”, diz o interlocutor.
Nos últimos dias, o presidente do Senado vem confessando a pessoas próximas que não deverá se lançar como pré-candidato à Presidência. “Duvido que seja candidato”, afirmou um amigo.
Em contrapartida, um parlamentar do PSD explicou que Pacheco acordou com Kassab de que iria começar a trabalhar na campanha presidencial a partir do início de março. “Falei com o Pacheco na semana passada e ele me garantiu que lançará a candidatura em março”, garantiu a fonte.
Outro parlamentar do partido diz não acreditar que o presidente do Senado vá se lançar à Presidência. As negociações para que o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) seja líder do governo no Senado Federal são um sinal da negativa de Pacheco.
“Eu vejo a negociação do Alexandre Silveira para ser líder do governo como um indicativo que o Pacheco não vá lançar sua candidatura, porque seria um representante da nossa bancada apoiando um adversário do Pacheco nas eleições, não faria sentido nenhum”. Questionado sobre um possível apoio do PSD à chapa do PT, o parlamentar afirmou que a questão só será discutida após a decisão oficial de Pacheco, que deve acontecer em abril.
O dinheiro é outro fator que atrapalha o apoio ao PT durante as eleições. Em uma aliança, o PSD provavelmente teria de contribuir com a verba da campanha de Lula. No entanto, sem um candidato próprio, a intenção do partido é focar os recursos na campanha de deputados e senadores, visando aumentar ainda mais a bancada no Congresso.
Com 35 deputados federais e 11 senadores, o PSD seria um grande reforço para qualquer partido, podendo garantir uma governabilidade muito mais tranquila para o próximo presidente eleito. “Hoje os partidos já olham o PSD de outra maneira, sabendo que o partido tem uma bancada muito grande para acrescentar em uma aliança, então existem muitos partidos interessados em nosso apoio no momento.”, afirmou outro parlamentar do PSD ao Correio.
*Estagiários sob supervisão de Pedro Grigori