Desde que se filiou ao Podemos e passou a discursar como pré-candidato à Presidência, o ex-juiz Sergio Moro intensificou a agenda de entrevistas e tem investido em comunicadores de cidades do interior. Desde 10 de novembro, quando ingressou na vida partidária, concedeu ao menos 29 entrevistas a rádios, jornais e emissoras de tevê locais.
Na lista, há jornalistas de estações de cidades como Nortelândia (MT), Caruaru (PE) e Maringá (PR). A estratégia é similar à adotada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), de tentar se fazer conhecido longe dos grandes centros. No Twitter, de novembro para cá o ex-juiz fez 36 postagens divulgando entrevistas, sobretudo entradas em programas matutinos, faixa de horário em que as emissoras costumam ter suas maiores audiências.
Quando falou à Rádio Metrópole, de Salvador, no último dia 11, por exemplo, Moro entrou no ar por volta das 8h. A Rádio Banda B, de Curitiba (PR), conversou com ele às 7h30 de 25 de novembro.
"As pesquisas mostram que, no interior do país, as rádios locais ainda têm uma penetração muito grande. As pessoas confiam e gostam de ouvir. É uma maneira de ganhar visibilidade e de tentar chegar a eleitores — principalmente os que não estão tão digitalizados", explica o cientista político Felipe Nunes, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Na segunda-feira passada, Moro foi de um extremo ao outro em sua tática de comunicação: pela manhã, respondeu por vídeo a perguntas de uma emissora de Teresina. À noite, estava em um estúdio, em São Paulo, para conversar por quase cinco horas com os influenciadores Monark e Igor "3K" Coelho, do Flow Podcast, famoso entre os jovens na internet.
O cientista político Felipe Nunes considera correta a estratégia do pré-candidato do Podemos. "Não há risco de saturação. O público das rádios menores é muito segmentado. É como se você estivesse falando para nichos diferentes", destacou.