O pré-candidato à Presidência Sergio Moro (Podemos) divulgou, ontem, que recebeu um total de US$ 656 mil — o equivalente a R$ 3,5 milhões pela cotação do dólar do dia — nos 12 meses em que trabalhou na Alvarez & Marsal, entre 23 de novembro de 2020 e 26 de novembro de 2021. Em live nas redes sociais ao lado do deputado federal Kim Kataguiri (Podemos-SP), que é seu apoiador, o ex-juiz detalhou que recebeu um salário mensal de US$ 48,5 mil como consultor da empresa.
Além do salário mensal, Moro acrescentou que recebeu um bônus de contratação equivalente a R$ 154 mil. Segundo o ex-juiz, ele devolveu cerca de R$ 67 mil desse adicional ao encerrar o contrato de trabalho antes do previsto.
"Não estou fazendo isso por causa da CPI (comissão parlamentar de inquérito). Eles recuaram porque sabem que não tem nada de errado. Também não estou fazendo isso pelo TCU (Tribunal de Contas da União), que está abusando do poder. Mas, sim, como uma pessoa que está se colocando como pré-candidato à Presidência da República, pelo dever de transparência", explicou.
Moro disse que foi contratado, inicialmente, no Brasil pela Alvarez & Marsal Disputas e Investigações, pois ainda não havia conseguido o visto de trabalho nos Estados Unidos. Depois, foi transferido para Washington e seu contrato passou a ser com a Alvarez & Marsal Disputes & Investigations LLC — subsidiária da holding A&M, que também é dona da Alvarez & Marsal Administração Judicial, empresa que cuida da recuperação judicial da Odebrecht.
Desafio
Na live, Moro aproveitou para desafiar os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Segundo ele, como "abriu as contas" daqui que recebeu para a consultora americana, cobrou que os adversários façam o mesmo.
"Por exemplo: quanto o Lula recebeu de palestras das empresas envolvidas na Lava-Jato, inclusive da Odebrecht? Eu acho que ele deveria esclarecer isso", cobrou.
De Bolsonaro, Moro desafiou-o a expor as contas das supostas rachadinhas dos gabinetes dele e dos filhos. "Vamos abrir essas contas, revelar todas essas informações, quem rachou dinheiro lá dentro dos gabinetes da família Bolsonaro. Vamos ser transparentes. Espero que abram também esclarecimentos sobre como foi paga aquela mansão, como foram obtidos os recursos", provocou, referindo-se à casa que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) comprou no Lago Sul, área nobre de Brasília, e que supostamente teria custado R$ 5.97 milhões.
*Estagiários sob a supervisão de Fabio Grecchi