O relator da peça orçamentária de 2022, o deputado Hugo Leal (PSD-RJ) demonstrou preocupação aos vetos do presidente nas áreas de previdência, educação e pesquisas. "O veto a programas do INSS são muito preocupantes porque, nos dois anos de pandemia, os serviços para conceder aposentadorias e outros benefícios foram muito afetados. Há uma grande demanda represada, principalmente das pessoas mais necessitadas, que o Congresso buscou atender", disse o parlamentar, por meio das redes sociais.
"Também preocupam os vetos que atingiram programas de apoio ao desenvolvimento da educação básica e de transporte escolar. Merecem ainda atenção vetos de programas na área de desenvolvimento de pesquisas, não apenas no âmbito do Ministério de Ciência e Tecnologia, mas em programas do MEC, da Fiocruz, da Embrapa", lembrou.
A deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) criticou os cortes e lamentou a manutenção de R$ 4,9 bilhões para o Fundo Eleitoral e de R$ 16,5 bilhões para emendas de relator. "Adivinha onde foram os cortes? Nas verbas para pesquisas científicas, indígenas, quilombolas e nos ministérios do Trabalho e da Educação. Prioridades, né?", ironizou, no Twitter.
Para André César, cientista político da Hold Assessoria, alguns dos cortes já eram esperados. "Bolsonaro foi Bolsonaro no seu estado mais puro: de um lado, manteve recursos para status quo, para não se indispor com aliados. Ele não quer criar barulho, ruído. É uma jogada bem clara dele."
Do outro lado, observou, passa a tesoura em setores voltados ao social onde não tem voto. "Quando fala em quilombolas, indígenas e afins, ele diz: "vamos cortar aqui". E tenta, ao mesmo tempo, desagradar o menos possível a equipe econômica por conta da condução da PEC da gasolina que deve sair nesta semana. É um jogo calculado para manter apoio onde tem. Com o aumento previsto só para policiais, ele manteve problema dele com as demais categorias, e isso pode causar sérios problemas. As dores de cabeça do presidente continuam."