Pré-candidata do MDB à Presidência da República, a senadora Simone Tebet garantiu que não vai conversar com outros candidatos sobre a possibilidade de ser vice em outra chapa da terceira via.
Nesta semana, surgiu a informação de que João Doria (PDSB-SP) procuraria a senadora, para convencer Tebet a ser vice de sua chapa nas eleições presidenciais de 2022:
“É natural que essas conversas surjam, até porque o Doria precisa criar fato político, eu tenho bom relacionamento com ele, fazemos parte do centro democrático. Mas sou candidata à Presidência da República, não há plano B de ser vice, isso não está no radar.”, afirmou Tebet ao Correio.
A emedebista diz que as especulações vieram de fora do partido, e que não discute a possibilidade de ser vice de outro candidato: “Essa é uma conversa de fora para dentro, não de dentro para fora do MDB. Dentro do partido, não se fala em vice em nenhum momento, todos os núcleos querem candidatura própria.”
Para a senadora, todos os pré-candidatos devem buscar visibilidade no momento, para “lá na frente” pensarem em uma possível aliança política do centro. Além disso, Tebet garantiu que o MDB também não pensa na possibilidade de chamar outro pré-candidato à Presidência para ser vice de sua chapa.
A pré-candidatura da senadora foi oficializada pelo partido no dia 8 de dezembro. Recém-lançada, a campanha deve encorpar nos próximos meses. O deputado Baleia Rossi (MDB-SP) assumiu oficialmente o comando da campanha emedebista e contratou o marqueteiro Felipe Soutello, que trabalhou com Covas, para cuidar da comunicação da candidata.
“O MDB tem se posicionado de forma muito firme quanto à campanha, o próprio Baleia inclusive.Temos um marketeiro conhecido por todos e com uma agenda longa a partir de quinta-feira da semana que vem em São Paulo. É um grupo forte.” diz Simone Tebet.
Divulgada na sexta-feira (14/1), a pesquisa Ipespe mostra Tebet com 1% das intenções de voto, atrás de outros candidatos das terceira via, como Sergio Moro (Podemos), que tem 9%, Ciro Gomes (PDT), com 7% e João Doria (PSDB), que tem 2%. Rodrigo Pacheco (PSD) e Felipe D'Avila (Novo) empataram com a emedebista, com 1%.
Ainda ao Correio, o deputado João Marcelo (MDB-MA), deixou claro que o presidente do MDB, Baleia Rossi é quem faz questão que o partido vá até o final com nome de Simone Tebet como candidata à Presidência da República: “O Baleia é o maior incentivador dela, então seguiremos com Simone até o final mesmo. Depois, no segundo turno a gente vê para onde vai, caso não consigamos chegar lá. Mas no primeiro turno, nosso nome é a Tebet.”
Única mulher na disputa até o momento, o nome de Tebet se coloca como mais uma alternativa contra a polarização entre Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT).
“O que discutimos na bancada foi a possibilidade de se construir o nome que pudesse ser uma alternativa ao PT e a Bolsonaro. A ideia do partido é formar um nome que pudesse ser uma alternativa a esses dois candidatos que vem liderando as pesquisas”, afirmou o deputado federal, Moses Rodrigues (MDB-CE). Segundo ele, a candidatura de Tebet ainda é recente, e precisa de mais exposição para ganhar a atenção do eleitorado: “É uma candidatura ainda recém lançada né, então precisamos aumentar a exposição da Simone em debates e entrevistas para que o público possa conhecer ela melhor”, observou Rodrigues.
Lucio Rennó, professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), avalia que o cenário que se coloca para as eleições, diante das pesquisas de intenções de voto, é de redução significativa para uma terceira via, espaço que Simone Tebet ocuparia, conforme o especialista. “Muito improvável que surjam nomes viáveis para romper com esse domínio do do Lula e a queda de Bolsonaro”, afirmou.
Questionado sobre a persistência do partido em lançar a candidatura ao Planalto, ainda que as preferências eleitorais sejam baixas, Rennó avaliou: “A senadora, ao se consolidar como postulante ao cargo (Presidência da República), é interessante para colocar o partido em evidência, além de abrir espaço para a construção de chapas com outras legendas. Abrir mão da candidatura, agora, é uma decisão precipitada. Até porque é uma eleição que está por acontecer. Não está consolidada”.
O cientista político e presidente da Fundação da Liberdade Econômica, Márcio Coimbra, destaca que a perda de popularidade de Bolsonaro abre um grande espaço no eleitorado, que deve ser disputado por candidatos da terceira via, como Simone Tebet: “Se você for fazer um cálculo simples, o Bolsonaro tem 22% de intenções de voto segundo as pesquisas. Ele teve em torno de 55% dos votos válidos na última eleição, então tem uns 20% dos eleitores perdidos e a terceira via está batalhando por esse eleitorado.”, observou Coimbra.
O deputado federal Hildo Rocha (MDB-MA) destaca que Tebet é a única mulher pré-candidata nas eleições presidenciais de 2022, e completa que ela “combina a política com administração, e tem muita força para liderar. Quando questionado sobre a possibilidade do MDB apoiar outro candidato, Rocha foi incisivo: “Não existe opção A nem B, é Simone até o final".
*Estagiários sob a supervisão de Ronayre Nunes