No início da pandemia do novo coronavírus, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, estava alinhado a posições bolsonaristas. Ele chegou a participar, sem máscara, de um ato antidemocrático, que pregava o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Um ano depois, em maio de 2021, o almirante disse à CPI da Covid se arrepender do episódio. Afirmou, ainda, que as críticas do presidente Jair Bolsonaro às vacinas iam "contra o que preconiza a ciência". "Destarte a amizade que tenho pelo presidente, a conduta dele difere da minha", frisou.
Antes de ser efetivado na Anvisa, o militar servia ao Planalto como uma espécie de contraponto ao então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e chegou a minimizar, no Congresso, a gravidade da pandemia. "É importante citar todo o esforço que há para que não se dissemine o pânico", disse aos parlamentares. Poucos dias depois, infectados e mortos por covid-19 no país aumentaram exponencialmente.
Sete meses depois, o Senado confirmou a indicação do militar para comandar a agência reguladora. Sem a possibilidade de ser demitido, por exercer mandato de cinco anos, Barra Torres passou a se distanciar do presidente e a defender a "autonomia da agência".