O presidente Jair Bolsonaro (PL) menosprezou, nesta segunda-feira (10/01), a ajuda oferecida pela Argentina durante as fortes chuvas que atingiram a Bahia. Na data, o governo vizinho se colocou disposto a enviar ao sul da Bahia uma missão com 10 profissionais especializados nas áreas de água, saneamento, logística e apoio psicossocial para as vítimas dos desastres. Segundo o chefe do Executivo, ele "não ofereceria isso para país nenhum do mundo" e emendou que "não eram especialistas em nada".
As declarações ocorreram durante entrevista gravada à Jovem Pan News. "Ajuda foram 10 pessoas. Eu agradeço o governo argentino, eu não ofereceria isso para país nenhum do mundo. Eu não ia oferecer para o Paraguai, Bolívia, Argentina, qualquer país do mundo numa situação crítica oferecer 10 pessoas para trabalhar lá", apontou.
"E para fazer o quê? Não eram especialistas em nada. Eram basicamente técnicos de almoxarife em separar doações e encaminhá-las para o local que deveria ser encaminhado. Isso seria muito mais caro para a gente", completou alegando que precisaria fazer gastos para deslocar aviões da Força Aérea para buscar os argentinos.
No último dia 30, Bolsonaro rebateu que o trabalho oferecido já estava sendo feito pelas Forças Armadas e pela Defesa Civil e que a ajuda não seria necessária. A postagem foi acompanhada de uma montagem com as bandeiras dos dois países.
"O fraterno oferecimento argentino, porém muito caro para o Brasil, ocorre quando as Forças Armadas (Exército Brasileiro, Marinha do Brasil e Força Aérea Brasileira), em coordenação com a Defesa Civil, já estavam prestando aquele tipo de assistência à população afetada, inclusive com o apoio de três helicópteros da Marinha".
"Por essa razão, a avaliação foi de que a ajuda argentina não seria necessária naquele momento, mas poderá ser acionada oportunamente, em caso de agravamento das condições.", justificou, na data.
Por fim, o presidente destacou que o governo brasileiro estava "aberto a ajuda e doações internacionais" e citou doações recebidas por parte do Japão.
Na dispensa da ajuda, feita por meio de documento oficial, o governo brasileiro agradeceu a proposta argentina e informou que a situação na Bahia estava sendo enfrentada com a mobilização interna de todos os recursos financeiros e de pessoal necessários. Ainda de acordo com o Ministério das Relações Exteriores, "na hipótese de agravamento da situação, requerendo-se necessidades suplementares de assistência, o governo brasileiro poderá vir a aceitar a oferta argentina de apoio da Comissão dos Capacetes Brancos, cujos trabalhos são amplamente reconhecidos".
Por meio das redes sociais, o governador Rui Costa (PT) chegou a agradecer a ajuda do país vizinho e pediu celeridade do governo federal para autorizar a missão estrangeira. O governador ainda expressou gratidão ao embaixador Daniel Scioli e à presidente da comissão nacional dos Capacetes Brancos, a embaixadora Sabina Frederic, assim como ao cônsul-geral da Argentina na Bahia, Pablo Virasoro.