Democracia

Imprensa sofre piores ataques em 30 anos

Bolsonaro tem participação direta em onda de violência, afirma a Fenaj

Tainá Andrade
postado em 28/01/2022 00:01

O ano de 2020 foi o mais violento para os jornalistas brasileiros desde 1991. É o que afirma o "Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil — 2020", elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). O motivo principal para o aumento de 105,77%, em relação a 2019, é a ascensão de Jair Bolsonaro à presidência da República.

Sozinho, Bolsonaro é responsável por 175 dos registros de violência, ou seja, 40,89% do total de 428 casos computados pela federação. Foram 145 ataques genéricos, direcionados a veículos de comunicação e a jornalistas; 26 casos de agressões verbais; um de ameaça direta aos profissionais, uma ameaça à Rede Globo e dois ataques à Fenaj.

De acordo com a presidente da Fenaj, Maria José Braga, os ataques de Bolsonaro à imprensa fazem parte da sua estratégia de comunicação e política. "Não são falas espontâneas de alguém que coloca críticas à imprensa e jornalistas, para nós, os ataques fazem parte da estratégia dele. Ao atacar ele faz com que parte da população não se informe como deveria. Quer evitar que efetivamente o jornalismo cumpra o seu papel.

Segundo ela, o comportamento causa dois efeitos. O primeiro é comunicacional: a parcela bolsonarista preserva o hábito de se informar nos canais aliados ao presidente e reproduz esse conteúdo nos grupos simpatizantes. Outro efeito é o político, pois esse comportamento mantém o apoio ao governo, apesar dos ataques constantes à imprensa.

"A extrema direita joga com o contrário, quer desmoralizar as instituições, entre elas a imprensa, e age contra a democracia. A gente associa a escalada da violência à ascensão da extrema direita no Brasil e no mundo. O que esperamos é que haja um refluxo nesse avanço e que as forças progressistas prevaleçam, porque mesmo com todos os problemas no coletivo, elas respeitam o Estado de Direito, as instituições e a democracia", disse Maria José Braga.

Procurado pelo Correio, o Palácio do Planalto não comentou o levantamento da Fenaj.

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