Depois de investir na provável chapa para a disputa presidencial com o ex-tucano Geraldo Alckmin, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mantido diálogos com os dissidentes do PSDB — e que não acreditam que a candidatura do governador de São Paulo, João Doria, não ganhará tração para se tornar competitiva. A ideia trazer o que o petista chamou de "PSDB da constituinte" para o leque de apoios que pretende montar.
Na última quinta-feira, o ex-presidente se encontrou com o ex-senador e ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira. Não foi a primeira conversa entre eles. Os dois tinham estado juntos no ano passado e, desde então, mantém contato frequente por telefone.
Para Aloysio, a provável aliança entre Alckmin e Lula é "uma atitude política positiva" para um e para o outro. "Sinaliza a necessidade de uma união de forças para tirar o Brasil da crise, para reconstruí-lo em outros moldes", avaliou.
O ex-senador, porém, destaca que não basta ser uma aliança partidária de personalidades. Segundo Aloysio, é preciso que seja mais profunda, "envolvendo a sociedade, a academia, outros partidos políticos. Isso não quer dizer exatamente uma aliança eleitoral, agora, mas a criação de um espírito de colaboração", explicou.
Aloysio, que chegou a participar da articulação que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, considera que a "visão estreita" não faz parte da natureza dos petistas. "O PT e o PSDB foram responsáveis pelos êxitos que nós tivemos em todos os governos que ocupamos. Foi um momento. São duas vertentes da política democrática", analisou.
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Encontros
Na última sexta-feira, Lula também teve um encontro com outro tucano de peso, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo. Apesar de ter considerado a conversa produtiva, ele afirmou que o compromisso de apoiar Doria se mantém inabalado.
"Continuo coerente com as minhas ideias e convicções. E vou fazer, em 2022, o que eu sempre fiz, que é apoiar o candidato à Presidência escolhido democraticamente pelo meu partido, o PSDB", assegurou.
Lula tem estado empenhado em quebrar resistências para, se não puder contar com o apoio do PSDB no primeiro turno, trazer os tucanos para perto em um eventual segundo. Com as críticas que Doria faz ao PT e ao ex-presidente, a ideia seria garantir fatias importantes do PSDB, garantindo o apoio sobretudo dos seus integrantes históricos.
Um deles é o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio, que ao perceber que teria poucas chances nas prévias do PSDB, deu apoio a Doria — sobretudo no episódio do fracasso do aplicativo de votação. Aliados do ex-presidente dizem que Lula "trabalha para ter Arthur Virgílio no projeto".
Companheiros na campanha Diretas Já — quando a sociedade pressionou pela aprovação da emenda Dante de Oliveira para o restabelecimento do voto popular para a Presidência da República —, Lula deve se reunir, mais uma vez, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O último encontro entre eles foi em maio passado, na casa do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim.
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