O presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou nesta segunda-feira (24/1) o aplicativo "Bolsonaro TV", cuja logomarca traz o rosto do presidente de perfil com a inicial "B". Segundo a plataforma, trata-se de um local "único onde se pode visualizar todas as redes sociais da família Bolsonaro". A medida é mais uma tentativa que visa a unificação da base eleitoral do presidente a menos de 10 meses para as eleições.
Apesar do anúncio feito pelo presidente apenas este ano, o aplicativo já conta com avaliações desde julho do ano passado que se dividem entre elogios e críticas ao canal. "Não é um app, é um aglomerador de mentiras. Esses 4 patetas só mentem e manipulam pessoas simples que não possuem nenhum conhecimento político e/ou social. Mentem diariamente. 602 mil mortos e nenhuma visita à hospitais, nenhuma palavra de conforto pras famílias #NuncaEsqueceremos", escreveu um usuário.
"Presidente, continue firme no seu propósito de colocar este país nos trilhos. Siga firme com Deus pois o povo Brasileiro de BEM está com o senhor. Brasil acima de tudo! Deus acima de todos!", escreveu outro.
Por enquanto, o canal reúne apenas publicações do presidente nas plataformas Telegram, Instagram, YouTube e Twitter. Ao clicar em uma das notícias, o internauta tem a opção de abrir a respectiva rede social e ter acesso a maiores detalhes ou ainda de compartilhamento da publicação.
O "Bolsonaro TV" foi anunciado hoje pelo líder do Executivo no Twitter e no Facebook.
- Baixe nosso novo aplicativo de informações nas plataformas Apple e Android: https://t.co/Yoz54TCUDb pic.twitter.com/3wT2faeCXW
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 24, 2022
O Correio pediu ao Planalto informações sobre o financiamento do aplicativo e se houve uso de dinheiro público, mas, até o momento, não obteve resposta. Entre os dados disponíveis, o aplicativo informa que o dono é Rogerio Cupti de Medeiros Junior, advogado e atual assistente do gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
A plataforma informa ainda "não garantir que o aplicativo esteja livre de perda, interrupção, ataque, vírus, interferência, pirataria ou outra invasão de segurança e isenta-se de qualquer responsabilidade em relação a essas questões".
"A Bolsonaro TV não garante, declara nem assegura que este aplicativo esteja livre de perda, interrupção, ataque, vírus, interferência, pirataria ou outra invasão de segurança e isenta-se de qualquer responsabilidade em relação à essas questões. Você é responsável pelo backup do seu próprio dispositivo.
Em hipótese alguma a Bolsonaro TV, bem como seus diretores, executivos, funcionários, afiliadas, agentes, contratados ou licenciadores responsabilizar-se-ão por perdas ou danos causados pelo uso do aplicativo", informa outro trecho.
Telegram
Outro canal muito utilizado pelo presidente é o Telegram. Com mais de 1 milhão de inscritos, Bolsonaro é bastante assíduo na rede e compartilha diariamente vídeos e pronunciamentos. À frente dos adversários, ele se tornou o pré-candidato à Presidência da República mais influente da plataforma.
Filhos do chefe do Executivo também são usuários. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tem 92 mil inscritos; o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), pouco mais de 69 mil; e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), 52 mil.
Paraíso das fake news, o Telegram passou de um simples aplicativo de troca de mensagens para um dos principais vilões da Justiça brasileira. A disseminação de conteúdo falso, violento e, muitas vezes, criminoso, é rotina na plataforma.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, tenta contato há mais de um mês com representantes do Telegram e avalia a possibilidade de banimento da plataforma pelo Congresso. No dia 16 de dezembro, o magistrado enviou um ofício a Pavel Durov, CEO do Telegram, por meio eletrônico, solicitando uma reunião para discutir possíveis meios de cooperação entre o aplicativo e a Corte no combate à desinformação e fake news.
No documento, o TSE apontou fazer esforços significativos para neutralizar desinformação relacionada com os procedimentos eleitorais para garantir eleições livres e justas no país, e apontou que, por meio do canal, circulam teorias da conspiração e informações falsas sobre o sistema eleitoral.
"O Telegram é um aplicativo de mensagens em rápido crescimento no Brasil, estando presente em 53% de todos smartphones ativos disponíveis no país. Através do Telegram, teorias da conspiração e informações falsas sobre o sistema eleitoral são atualmente divulgadas no Brasil". O TSE lembrou ainda que a empresa não possui representante no Brasil, o que dificulta o diálogo em meio ao ano eleitoral. Na volta do recesso parlamentar, o tema deve ser pautado na Corte.
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