Reunidos nesta quinta-feira (20/1), em Brasília, dirigentes do PT e do PSB aprofundaram as discussões sobre uma aliança dos dois partidos na eleição presidencial e nos estados, mas ainda persiste o impasse em torno de qual das legendas vai disputar o governo de São Paulo.
O encontro teve a participação da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR); do presidente do PSB, Carlos Siqueira; do governador de Pernambuco e vice-presidente do PSB, Paulo Câmara; do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), secretário-geral do partido; e do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB).
França deixou o encontro reafirmando sua pré-candidatura ao governo de São Paulo, enquanto Gleisi reiterou a defesa da postulação do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) ao Palácio dos Bandeirantes.
“Sou candidato, claro”, afirmou França. “Cada partido tem todo o direito de ter os seus candidatos. Agora, para uma eleição nacional, os partidos têm que decidir qual candidato amplia mais a base de apoio”, enfatizou o ex-governador.
A presidente do PT admitiu que há dificuldades para uma composição em São Paulo, mas disse acreditar na construção de um consenso em torno de um único nome do campo progressista na disputa ao governo do estado.
Gleisi Rechaçou o argumento do grupo de França de que as pesquisas de intenção de voto devem ser o principal critério para a definição do candidato em São Paulo. Segundo levantamentos recentes, Haddad enfrenta altos índices de rejeição no estado, o que pode representar um risco de derrota no caso de ele ir para o segundo turno.
"O critério não será só para São Paulo, tem que ser critérios que a gente utilize para o Brasil inteiro, desde a definição das candidaturas e da formação das chapas. Paralelo ao esforço de construir a federação, nós vamos fazer as conversas com os estados, que nós queremos estar juntos, com federação ou sem federação, queremos estar juntos na campanha nacional", disse a presidente do PT.
A dirigente anunciou que o PT fará uma rodada de reuniões nos estados para definir com outros partidos de esquerda a formação das chapas locais. "Nós vamos marcar uma reunião em São Paulo. O PT entende que uma candidatura do Haddad é essencial, é viável. O PSB entende que a candidatura do Márcio é importante. São dois grandes quadros políticos, que têm experiência de gestão, tem experiência política, e a gente, com muito respeito entre nós, temos que chegar também a um denominador", afirmou Gleisi.
Consensos
Quanto à disputa pelo governo do Rio de Janeiro, Gleisi enfatizou que seu partido não chegou a ter a intenção de lançar candidato e já fechou questão no apoio à candidatura do PSB, que é representada pelo deputado Marcelo Freixo.
O PT também deve desistir de lançar um nome para a disputa do governo do Espírito Santo, onde o governador Renato Casagrande (PSB) vai disputar um novo mandato.
Por sua vez, Siqueira destacou que o PSB está fechado no apoio à candidatura do senador Jaques Wagner (PT) ao governo da Bahia.
Com relação a Pernambuco, a tendência é de que o senador Humberto Costa (PT-PE), que lançou sua pré-candidatura ao governo do estado, desista da disputa em favor de um nome do PSB.
Gleisi ressaltou que o PT sempre abriu mão da disputa em Pernambuco em favor da sigla. Ela explicou que o nome de Costa só foi lançado após o ex-prefeito de Recife Geraldo Júlio (PSB) não aceitar ser candidato.
Por sua vez, Siqueira assegurou que o PSB terá candidato no estado. "(O governador) Paulo Câmara tem conduzido com certa eficiência sua própria sucessão e disse que ficará no cargo. Ele está ouvindo todos os partidos, inclusive o PT, e até março vai anunciar qual o nome do PSB", afirmou o dirigente. "Entendemos como natural que o senador Humberto tenha colocado o seu nome, é uma pessoa muito querida por todos nós, muito considerada, mas o PSB tem a pretensão de ter o seu próprio candidato e quer o apoio do PT", acrescentou.
Alckmin
Quanto ao convite para que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido) se filie ao PSB, Siqueira demonstrou que essa questão não está relacionada à possibilidade de o político vir a ser o vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"O Alckmin foi convidado a ingressar no PSB, tudo indica que ingressará, mas nós fizemos o convite e estamos aguardando que ele tome a sua decisão. Afinal de contas, ele é um homem experiente, tem maioridade e saberá escolher o seu partido e sabe qual é o objetivo dessa escolha. Agora, a escolha do candidato a vice, esse é um problema que o PT vai resolver. Compete ao candidato a presidente a escolha do seu vice. Tudo indica que pode ser ele, mas isso é um assunto do PT", disse o presidente do PSB.
Gleisi, repetindo o discurso de Lula, disse que a discussão sobre o vice da chapa presidencial ainda não está sendo discutida no PT. "O Alckmin não está filiado a nenhum partido, a gente ainda não sabe da opção dele, e nós não temos no PT essa discussão interna sobre a questão de vice. Como tem dito o Lula: nem ele formalizou a candidatura, como é que vai discutir vice antes?", questionou a dirigente. "Isso tem um processo, tem um tempo ainda. E, obviamente, fazendo uma composição política, como a gente quer, é uma discussão que compete a nós, como presidente, mas nós estamos querendo ouvir os nossos companheiros políticos sobre isso", acrescentou.
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