O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu uma eventual aliança com o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) para a corrida ao Planalto nas eleições de outubro. "Não terei problema algum em fazer chapa com o Alckmin para ganhar e governar este país. Só não posso confirmar porque falta definir para qual partido ele vai, ver se o partido vai fazer aliança com o PT", justificou, em entrevista, ontem, a sites de esquerda.
A possível união é alvo de duras críticas dentro do próprio PT. O deputado Rui Falcão (SP), por exemplo, disse que um acerto com o ex-tucano seria uma contradição à história da legenda e enfatizou que a aliança é desnecessária.
Lula argumentou que formar alianças é essencial, pois "não se governa um país sozinho" ou com a visão de apenas um partido. Ele destacou, também, o posicionamento do ex-tucano em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB). "Espero que Alckmin esteja junto, sendo vice ou não, porque me parece que ele já se definiu como oposição não só a Bolsonaro como ao 'dorismo' aqui em São Paulo. O PSDB do Doria não é o projeto social-democrata de Mário Covas, de FHC (Fernando Henrique Cardoso), de José Serra, criado no período da Constituinte", ressaltou.
Quando eleito pela primeira vez, em 2002, Lula também recebeu críticas por ter escolhido o empresário José Alencar como seu vice. As alegações eram de que o acerto ia contra os princípios do PT. A parceria, no entanto, mostrou-se bem-sucedida. O ex-companheiro de governo, que morreu em 2011, foi lembrado pelo petista ontem. "Duvido que alguém tenha a sorte de ter o vice,que eu tive, como José Alencar. Espero que, se Alckmin for vice, que ele esteja ouvindo o que estou falando, porque ele tem de provar que vai ser igual ou melhor que José Alencar. Aí, eu estarei muito tranquilo", frisou.
O cientista político André César, da Hold Assessoria Legislativa, destacou que a aliança com o ex-governador de São Paulo tem potencial para atrair votos que não iriam para Lula num primeiro momento. "Como as pequisas mostram que ele está perto de ganhar no primeiro turno, então, teoricamente, com as forças políticas que apoiam Alckmin, teria chance de ganhar no primeiro turno e evitaria a exploração de um antipetismo, no segundo", avaliou.
Ataque
Na mesma entrevista, Lula disparou contra o ex-ministro Sergio Moro, pré-candidato à Presidência pelo Podemos. O petista chamou o ex-juiz da Operação Lava-Jato de "canalha". "Eu tive a sorte de o povo brasileiro me ajudar a provar a farsa que foi montada contra mim em vida. Graças a Deus, consegui desmontar o canalha que foi o Moro no julgamento dos meus processos. O (Deltan) Dallagnol (ex-coordenador da força-tarefa), a mentira, as fake news, o PowerPoint da quadrilha. Tudo isso foi provado de que quadrilha eram eles", enfatizou.
Moro usou o Twitter para rebater o ataque. "Canalha é quem roubou o povo brasileiro durante anos e quem usou nosso dinheiro para financiar ditaduras", devolveu. "E quadrilha é o nome do grupo que fez isso, colocado por você, Lula, na Petrobras. Você será derrotado. Só ofende, pois não tem como explicar a corrupção no seu governo."
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.