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Weintraub e Araújo criticam o presidente

Ex-ministros acusam Bolsonaro de ter abandonado pautas ideológicas ao se unir ao Centrão

Raphael Felice
postado em 19/01/2022 00:01
 (crédito: Reprodução/YouTube/Podcast Inteligência Ltda)
(crédito: Reprodução/YouTube/Podcast Inteligência Ltda)

Os ex-ministros Abraham Weintraub (Educação) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) dispararam críticas à aliança do presidente Jair Bolsonaro com o Centrão. Durante live na noite de segunda-feira, os dois acusaram o chefe do Executivo de ter abandonado a pauta ideológica que o elegeu ao se juntar ao grupo de sustentação política do governo.

Araújo ironizou o PP — partido do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, um dos caciques do Centrão — chamando a sigla de "Partido de Pequim". Para o ex-integrante do governo, ao se aliar ao grupo político, o Executivo federal estaria se submetendo à China.

O ex-chanceler, que deixou o cargo em março do ano passado, disse ter perdido poder quando Bolsonaro começou a se aproximar do Centrão. O bloco, de acordo com ele, passou a pautar a governo conforme interesses da China, impedindo que o então chanceler levasse adiante seu projeto "transformador" de política externa. "Quando o Centrão começou a dominar o governo, fui cada vez mais isolado", reclamou.

Segundo ele, tanto Nogueira quanto a ministra Flávia Arruda, da Secretaria de Governo, estão convergindo para transformar o Brasil numa "colônia chinesa". "O Centrão acha que política externa é fazer tudo o que a China quer", criticou.

Em sua gestão, Araújo foi frequentemente criticado por ofender e criar atritos com os chineses, um dos principais parceiros comerciais do Brasil. O ex-chanceler mencionou a cultura da China, que, na avaliação dele, o Centrão tenta perpetuar no Brasil. Para ele, Pequim representa o oposto dos valores defendidos por Bolsonaro, como a religião.

Weintraub, por sua vez, acusou Bolsonaro de ter "substituído" a ala conservadora do Executivo federal por integrantes do Centrão. Para ele, o bloco político representa um "obstáculo" à pauta ideológica do bolsonarismo. Os conservadores, segundo sustentou, passaram a sofrer ataques desde que foram substituídos "pela turma do Centrão". O ex-ministro articula com o PTB uma candidatura ao governo de São Paulo, estado onde Bolsonaro quer emplacar o nome do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.

Também participante da live, o pastor Silas Malafaia saiu em defesa de Bolsonaro. O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo justificou que o presidente da República não teria governabilidade se não cedesse ao Centrão. Conforme o religioso, o chefe do Executivo sofreria impeachment se não fizesse alianças com o bloco e chegou a citar trechos bíblicos para justificar as ações dele.

Defesa

Outros aliados do governo defenderam Bolsonaro. Ao Correio, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), disse que as insinuações feitas pelos antigos aliados não mereciam resposta. Ele afirmou que a relação do governo com a base está "ótima". O deputado federal também se manifestou via redes sociais. Ele publicou uma foto ao lado do chefe do Executivo e escreveu: "Animados com as perspectivas do ano eleitoral e das realizações do governo. Estou 100% confiante na reeleição do presidente", disse Barros.

Sem citar nomes, o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO) usou o Twitter para criticar os ex-ministros. "Infelizmente, a preocupação com a própria biografia, a vaidade desmedida de uns e os objetivos pessoais de poder superam as preocupações com o país. Temos muito a avançar ainda. A reeleição de Jair Bolsonaro é essencial para a consolidação da direita no Brasil. Vamos vencer juntos", postou. (Com Agência Estado)

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