A possibilidade de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar negligências no combate à covid-19 no país começa a ser ventilada. Senadores se reuniram na quinta-feira (13/1) para debater a possibilidade e asseguraram ter 17 das 27 assinaturas necessárias para criação da comissão. O motivo da nova investigação seria a demora para dar início à vacinação das crianças, bem como apurar os ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL) informou em nota que uma nova investigação dos últimos dois meses se faz urgente. “Desde o fim de outubro, Bolsonaro perdeu o medo de atacar a vacina, sentiu-se livre e voltou a delinquir. Ele só entende uma linguagem: CPI. É hora de agir”, argumentou o senador.
O requerimento, protocolado na terça-feira (11) pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), informa que em nova CPI seria apurada também a falta de vacinas para a aplicação de doses de reforço e o apagão de dados referentes à pandemia do Ministério da Saúde após um ataque hacker ocorrido em 10 de dezembro de 2021.
Logo após anunciar o novo pedido, o senador se manifestou em seu Twitter: “Instalar uma nova CPI da COVID é retomar investigações e pressões que foram fundamentais para a vacinação do povo brasileiro. Isso não nos impedirá de cobrar os resultados da primeira CPI, que apesar de ter tido vários resultados efetivos, sofre com a inércia da PGR”, escreveu. Randolfe também é vice-presidente e autor do requerimento da CPI da Covid, que atuou entre abril e outubro do ano passado.
Para o sociólogo e cientista político Antônio Flávio Testa, a ação é inútil. “A CPI da Covid foi um fracasso e a crise que a oposição quer construir é articulada. O objetivo é desestabilizar o governo”, avalia. Testa destaca que outra CPI serviria “apenas para dar visibilidade e palanque para senadores que querem se eleger, ou reeleger”.
Já o professor de ciência política da UniProjeção Alexandre Rocha acredita que uma nova CPI desgastaria o governo Bolsonaro, tendo em vista as eleições de outubro, e define a vacinação como o “calcanhar de Aquiles” do presidente. “Ele é bastante reticente com as políticas de vacinação, e tem isso como algo que agrega sua base eleitoral, mas, por outro lado, é prejudicial para sua imagem política no geral. As falas do presidente contribuem para que os opositores busquem alternativas para desgastar o governo”, explica. Para Rocha, uma nova CPI, agregada aos resultados da anterior, certamente prejudicaria o governo.
Com a possibilidade de uma nova CPI, Jair Bolsonaro fez críticas ao senador Randolfe, alegando que o parlamentar “vive de Carnaval". "Agora querem uma nova CPI? Para apurar o quê? A CPI tem que ter um fato determinado, não pode ser uma CPI para qualquer coisa que pintar na frente, tem que ter um fato determinado. E qual o fato determinado desses caras?", questionou, em uma entrevista.
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