Os recentes atritos do presidente Bolsonaro com o comandante do Exército e com o chefe da Anvisa são fatos isolados?
Há sinais de uma mudança de perspectivas dos militares em relação às visões e posições do presidente, mas sempre de forma muito discreta. A diretriz do comandante do Exército sobre a vacinação da tropa, que repercutiu muito, não era, de fato, uma manifestação de caráter político, foi um ato administrativo, burocrático. Mas claro que, nesse contexto, em que são percebidas dificuldades, alguns desgastes, também, da imagem do presidente no meio militar não chegam a ser uma crise, mas sinais de um descontentamento, um certo desconforto.
Como avalia a reação do diretor-presidente da Anvisa?
No caso da Anvisa, eu acho que, aí, sim, destoa. A nota do presidente da Anvisa foi muito incisiva. Ele deixou clara sua condição militar, ao se apresentar, na nota, como um contra-almirante. Aí, eu acho que, de fato, transmite, de uma forma mais clara, essa preocupação de também marcar posições. O somatório de todos esses fatos é uma expressão de desconforto crescente, de uma posição de um relativo distanciamento.
Então a cúpula militar decidiu se afastar do presidente?
De um ano e meio para cá, os militares passaram a ficar ainda mais silentes, cautelosos, mais reservados. Eu acho que isso já foi um balanço, e continua sendo, dos desgastes, das dificuldades, da erosão da credibilidade da imagem das Forças Armadas. Eu acho que é uma atitude de autopreservação.
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