O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta segunda-feira (10/01), que sua divergência sobre a vacinação contra a covid-19 não pode ser um "ponto de intriga" e de "afastamento" entre ele e a população. O chefe do Executivo ainda voltou a dizer que não vacinará a filha Laura, de 11 anos, contra o vírus.
"O Brasil é de todos nós, para quem tomou vacina e para quem não tomou. A vacina não é um ponto de intriga e de afastamento entre eu e a população brasileira. Fizemos a nossa parte, isso está em voga ainda. Muitas campanhas por aí nesse sentido", afirmou. A declaração ocorreu durante entrevista à Rádio Sarandi.
Bolsonaro chamou de "problema" a medida de vacinação a crianças entre 5 a 11 anos e defendeu a liberdade de escolha em vez de adotar o discurso a favor do imunizante que é utilizado por vários países. "Temos agora o problema da vacinação de crianças de 5 a 11 anos de idade, onde eu já dei a minha opinião. Eu não vou vacinar a minha filha. E se você quiser vacinar o teu filho, é um direito teu. Obviamente, nós conseguimos fazer com que, por ocasião da vacinação, quem for aplicar a vacina no seu filho ou sua filha, diga todos os possíveis efeitos colaterais e você decide então se vai vacinar ou não. E repito: não é esse o ponto que vai nos afastar. Vivemos numa democracia ainda e a liberdade é o bem maior que todos nós podemos gozar no Brasil no ainda".
"A Anvisa, lamentavelmente, aprovou a vacina para crianças entre 5 e 11 anos de idade. Eu quero dar a minha opinião e a minha filha de 11 anos não será vacinada. Eu pergunto: você tem conhecimento de uma criança que tenha morrido de covid? Na minha frente tem 10 pessoas e ninguém levantou o braço. É um direito seu vacinar, está autorizada, mas você, pai e mãe, veja possíveis efeitos colaterais. Uma das questões que nós colocamos, que você, pai, tem que saber, a grande empresa Pfizer não se responsabiliza por efeitos colaterais. Vê se é o caso de o seu filho se vacinar ou não, nós compramos a vacina e é voluntária, mas veja os possíveis efeitos colaterais', relatou.
Na data, Bolsonaro, que é contra a imunização, insinuou que a liberação da proteção de crianças teria ocorrido porque alguém teria levado vantagens. "Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí?", questionou o chefe do Executivo.
"Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa, aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar", escreveu o diretor.
"Agora, se o Senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate. Estamos combatendo o mesmo inimigo e ainda há muita guerra pela frente. Rever uma fala ou um ato errado não diminuirá o senhor em nada. Muito pelo contrário", concluiu no documento.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prevê que as doses da vacina contra a covid-19 para imunizar crianças entre 5 e 11 anos chegarão ao Brasil e serão distribuídas a partir desta semana. O órgão regulador, a Anvisa, liberou a vacinação para a faixa etária após parecer de técnicos especialistas e do embasamento de sociedades médicas e destaca que os benefícios da imunização superaram os riscos.
Em Brasília, o governador Ibaneis Rocha (MDB) confirmou que dará início à vacinação contra a covid-19 de crianças no final de janeiro. Especialistas destacam que o número de mortalidade de crianças em consequência da covid deveria preocupar os pais e ser um motivador para vacinar seus filhos. Ao todo, já foram registradas mais de 1.500 mortes de crianças em decorrência do coronavírus. Destas, mais de 300 estão na faixa etária dos 5 aos 11 anos.
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