O Supremo Tribunal Federal (STF) prorrogou, por mais 90 dias, o inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro (PL) interferiu na Polícia Federal. A decisão foi do ministro Alexandre de Moraes, que analisou a necessidade de mais tempo de investigação.
O processo foi aberto em 2020 pela Corte, que atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), e tem como base acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro. O prazo acabaria no próximo dia 27.
"Considerando a necessidade de prosseguimento das investigações e a existência de diligências em andamento, nos termos previstos no art. 10 do Código de Processo Penal, prorrogo por mais 90 (noventa) dias, a partir do encerramento do prazo final anterior (27 de janeiro de 2022), o presente inquérito", escreveu Moraes.
Em novembro, o presidente Jair Bolsonaro se apresentou à Polícia Federal para prestar depoimento sobre o inquérito que apura a suposta interferência do chefe do Executivo na corporação para blindar familiares e aliados de investigações.
Bolsonaro respondeu às perguntas do delegado Leopoldo Soares Lacerda, da PF. Ele disse que não interferiu na autarquia e que trocou o então diretor-geral, Maurício Valeixo, no ano passado, por "falta de interlocução".
O chefe do Executivo ainda atacou Sergio Moro e disse que o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública teria condicionado aceitar o delegado Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal caso fosse indicado para o cargo de ministro do STF. "Ao indicar o DPF Ramagem ao ex-ministro Sergio Moro, este teria concordado com o presidente desde que ocorresse após a indicação do ex-ministro da Justiça à vaga no Supremo Tribunal Federal", disse Bolsonaro.
Segundo Moro, o chefe do Executivo queria trocar o diretor-geral da PF para ter acesso a informações e relatórios confidenciais de inteligência. A demissão de Maurício Valeixo trouxe a crise que levou à demissão de Moro, em maio do ano passado. Sendo homem de confiança do ex-juiz, ele foi levado à direção da PF por ele. Quando Bolsonaro pediu a substituição, Moro tentou evitar a troca, mas acabou pedindo demissão.
Reunião ministerial
No caso, Jair Bolsonaro está na condição de investigado. Uma das provas é o vídeo da reunião ministerial ocorrida no Palácio do Planalto em 22 de abril de 2020. No encontro, o chefe do Executivo disse que iria "intervir" na superintendência da corporação no Rio de Janeiro, para beneficiar familiares.
À época, o ministro aposentado Celso de Mello, do STF, retirou o sigilo do caso e permitiu a divulgação do material. Nas imagens, Bolsonaro diz que não irá esperar que a família dele seja prejudicada. Em outra parte, o presidente enfatiza que os ministros deveriam concordar com as "bandeiras dele".
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