O presidente Jair Bolsonaro (PL) teve alta na manhã desta quarta-feira (5/10), após ser internado por problemas médicos. De acordo com o cirurgião-geral Antônio Luiz de Macedo, a principal causa da obstrução intestinal no presidente foi a falta de mastigação correta. O médico ainda associou à facada, ocorrida em agosto de 2018, uma reação imunológica que desencadeou a situação.
“A situação causou uma peritonite e gerou uma grande quantidade de reação imunológica no
abdômen dele [Bolsonaro]. Embora esteja tudo bem, às vezes, essas aderências geram um quadro de obstrução intestinal”, afirmou Macedo. De acordo com o médico, esses casos não são recomendados diretamente para a cirurgia e, sim, ao uso de uma sonda gástrica. “Agora, está tudo normal. Ele vai fazer uma dieta especial por uma semana, apenas caminhada, não vai fazer exercícios muito intensos, mas está curado e pronto para o trabalho”, disse.
O chefe do Executivo estava internado desde a madrugada de segunda-feira (3) no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo.
Sobre o motivo exato da obstrução, Bolsonaro afirmou que foi causada pela falta de mastigação correta. “Eu não almoço, eu engulo. Tinha um peixe com camarão, e eu engoli o camarão”, disse. Macedo completou dizendo que a recomendação é de que todos os pacientes mastiguem no mínimo 15 vezes. Nesta hora, o presidente interrompeu e perguntou se poderiam ser 22 vezes, em alusão ao número do Partido Liberal, ao qual se filiou no fim do ano passado para concorrer à reeleição em 2022.
O médico explicou ainda que a cirurgia foi descartada, pois saiu um grande volume de líquido após a inserção da sonda gástrica. “Assim, o estômago ficou vazio, o movimento intestinal retornou, o bolo que estava parado foi empurrado e o presidente passou a ter uma normalização da função intestinal”, destacou.
De acordo com Macedo, existe a possibilidade de o problema voltar a ocorrer e que, nesse caso, a operação não pode ser descartada, mas pontuou que não é fácil de se fazer. “O problema pode aparecer em outro lugar. Eu operei um paciente que precisou de 18 cirurgias abdominais por aderência. No presidente, a gente coloca a sonda gástrica. Ele é paciente, tranquilo, a coisa começa a funcionar e a gente deixa assim. A gente espera conseguir, nos próximos 20 a 30 anos, mantê-lo desse jeito”, afirmou.
Ainda sobre as recomendações do médico, Bolsonaro afirmou que será “difícil” segui-las e que a orientação “não é ordem''. “Sempre fui, minha vida toda, atleta das Forças Armadas, paraquedista e motociclista. Minha mulher já está me olhando torto ali, mas vou tentar seguir a recomendação dele”, brincou.
“Homem de honra”
Bolsonaro ressaltou também que jornalistas estariam tentando politizar a facada sofrida por ele durante a campanha presidencial em 2018. Ao ser questionado sobre a veracidade do atentado, o presidente disse que só poderiam estar de “brincadeira” com ele e que estariam ofendendo o próprio médico ao seu lado. O chefe do Executivo reiterou que tanto ele quanto o cirurgião Antônio Luiz de Macedo são homens de “honra” e que têm “muito a zelar”.
“Fui um candidato paupérrimo, miserável, se eu quisesse armar em cima do hospital de Juiz de Fora... pelo amor de Deus”. Sem citar nomes, o presidente contou ainda que três advogados tentaram entrar no hospital à época do atentado. “Espero que a Polícia Federal possa averiguar esse caso, a própria imprensa deveria ter interesse nisso. Não está difícil de desvendar esse caso. Vai chegar em gente importante, não tenha dúvidas”, frisou.
Saiba Mais
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.