O último ano antes das eleições de 2022 foi marcado por muitas disputas de poder. Enquanto o governo Bolsonaro lidava com crises políticas, o Brasil viu a miséria crescer e o retorno da fome.
Veja os destaques do ano no âmbito político
Voto impresso: o início da crise dos Poderes
Em 7 de janeiro, o presidente da República, Jair Bolsonaro, falava pela primeira vez em 2021 em voto impresso. O discurso do chefe do Executivo começava a ficar mais intenso após criar dúvidas sobre o processo eleitoral brasileiro no fim de 2020. Entre as falas de Bolsonaro, estão que não é possível auditar o processo eletrônico, um dos mais seguros do mundo, e que o processo passa por interferências.
Bolsonaro aproveitou o apoio do Centrão e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e esticou a corda para que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 135/2019, que instituía a mudança no processo eleitoral, fosse votada pela Casa. Depois de intensa articulação, movimentos ativistas que pediam a rejeição da PEC, o plenário reprovou o texto em 10 de agosto. Lira, que ficou acuado com o clima pesado na Casa, desistiu de fazer uma nova votação.
Impeachment de ministro do STF?
Em agosto, poucos dias depois que o ministro Alexandre de Moraes incluiu o presidente Jair Bolsonaro entre os investigados no inquérito das fake news após o presidente pôr em dúvida o processo eleitoral brasileiro, os ataques do chefe do Executivo ao Supremo Tribunal Federal (STF) tomaram outra dimensão. O mandatário entrou com um pedido de impeachment contra o magistrado. O pedido foi criticado por diversas instituições e foi rejeitado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Desfile de tanques
No mesmo dia que estava prevista a análise da PEC do voto impresso pela Câmara dos Deputados, a Esplanada dos Ministérios presenciou um desfile de blindados para entregar um convite para o presidente Jair Bolsonaro. Apontado como uma tentativa de intimidação à Câmara e ao STF, a exibição virou piada nas redes sociais.
7 de setembro
Sinalizando uma possível ruptura democrática, o presidente Jair Bolsonaro conclamou seus apoiadores para uma manifestação no dia 7 de setembro. “Creio que chegou a hora, de nós, no dia 7, nos tornarmos independentes para valer”, chegou a dizer o chefe do Executivo. Durante os protestos, Bolsonaro disse que não cumpriria decisões judiciais e ameaçou fechar o STF. No dia seguinte, o presidente da Corte, Luiz Fux, abriu a sessão do dia com a leitura de um texto em que afirmou que "ninguém fechará" o STF. Dias antes, o cantor sertanejo Sérgio Reis se tornou um dos alvos de uma operação da Polícia Federal para investigar ameaças ao STF. A mesma operação decretou a prisão do caminhoneiro Zé do Trovão, que foi preso em 26 de outubro.
Mais uma crise
Para conseguir bancar um auxílio de R$ 400 mensais, o governo faz uma manobra para poder gastar R$ 40 bilhões a mais do Teto de Gastos em 2022. A medida deixa integrantes do Ministério da Economia descontentes e quatro secretários pedem demissão. A mídia chegou a especular que o ministro Paulo Guedes também deixaria o cargo, mas no mesmo dia o chefe da Pasta deu uma coletiva e disse que "em nenhum momento pediu demissão". O ministro também disse que os "mais jovens" se referindo aos secretários, tinham a preocupação com a questão fiscal, mas era preciso atender a ala política.
No fim, o governo conseguiu aprovar a PEC dos Precatórios que viabiliza o Auxílio Brasil. O novo benefício entrará no lugar do Bolsa Família, que foi extinto em 2021 após 18 anos de existência. Em 2022, o governo poderá parcelar os precatórios (dívidas do governo reconhecidas em caráter definitivo pela Justiça).
Fome que assola o país
O Brasil encerra o ano com uma inflação maior do que a de 80% dos países, segundo a FGV. Mais de 20 milhões de brasileiros passam fome no país. Ao longo do ano, foram muitas as cenas chocantes da miséria que assola o país, como a de pessoas fazendo fila para receber doação de ossos em açougue e de pessoas procurando restos de comida em caçamba.