Como vê a aproximação das Forças Armadas na política? Há um desgaste institucional?
Como instituição, as Forças Armadas têm que ficar sustadas da política. Não são instrumento de jogo político, como o Bolsonaro quis. A cultura das Forças Armadas é bem forte e nada tem a ver com política. Não há desgaste, pois as Forças Armadas, como instituição, estão completamente fora da política. Aqueles que estão expostos não representam as Forças.
Por quê?
O fato de levar o título, patente, é ligado ao nome da pessoa. Isso pode dar essa percepção institucional. Mas os militares não têm lado. Uma coisa é o militar como eleitor, como cidadão. Mas institucionalmente, ele não adota lado nenhum. Não tem a mínima chance ou abalo por candidato a B ou C.
Moro terá força entre os militares?
Não posso falar pelos militares, pois estou sem contato com o Exército. Mas é uma tendência normal que o nosso eleitorado vá votar em uma pessoa equilibrada. A decepção com Bolsonaro é geral, para o eleitorado dele como um todo.
O que aconteceu?
Ele traiu o país inteiro, os eleitores, o discurso dele. Falou que era contra reeleição, discursou sobre combate a corrupção porque a Lava-Jato estava em alta. No final, não fez nada. Prometeu que ia acabar com o toma lá dá cá, velha política, mas nunca falou o que era a nova política.
Como enxerga a aproximação de Bolsonaro com o Centrão a filiação dele ao PL?
É uma contradição com o que ele falou, o descumprimento de sua palavra. O Centrão não é um partido político; é um grupo de pessoas que só têm interesses pessoais. É claro que alguns partidos se confundem mais com isso, mas na prática, são apenas pessoas defendendo os próprios interesses, custe o que custar.
Quais bandeiras o senhor quer levar ao Congresso, caso seja eleito?
Ainda estou sem definição [para qual cargo], pois vou discutir com o Podemos para ver o plano do partido, não sou cacique. O meu primeiro objetivo político é que a gente não eleja de novo nem o Bolsonaro nem o Lula, pois já tiveram a oportunidade deles.