O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin deram, ontem, mais um passo na direção do fechamento de uma chapa para a campanha à Presidência, em 2022. Em evento promovido pelo grupo Prerrogativas — que reúne vários advogados de peso —, em São Paulo, os dois se encontraram naquele que foi classificado por muitos como a mais concreta ação para a formulação de uma aliança.
Os dois se abraçaram, conversaram e aceitaram ser fotografados juntos. Após uma série de homenagens, Lula agradeceu a presença de Alckmin, mas desconversou e disse que nada está decidido.
"Ainda não defini minha candidatura porque tenho muito juízo. Sei da responsabilidade que tenho. Quando disser que sou candidato à Presidência, sei que o Brasil que eu vou pegar em 2023 é muito pior que o que eu peguei em 2003. Tenho muita responsabilidade e não quero brincar com o povo brasileiro", disse Lula.
O petista também garantiu que a escolha do vice será feita pelo PT, e que é cedo para falar sobre uma união com o ex-governador. "Tenho que respeitar o Alckmin, que deixou o PSDB, não tem partido e vai se filiar a um. Não sei qual e quem vai dizer se podemos nos juntar são os nossos partidos. Temos que ter paciência. Nada acontece para o vice antes de acontecer para o presidente", destacou.
Ao acenar para Alckmin como possível companheiro na corrida presidencial, o petista faz uma manobra semelhante àquela que o levou à Presidência pela primeira vez, em 2002, quando se aliou ao empresário José Alencar para garantir os votos de centro e sinalizar que não daria uma guinada na política econômica de Fernando Henrique Cardoso — posição concretizada com a Carta aos Brasileiros.
Mas a união sofre resistência de setores do partido. Ao Correio, o deputado federal Rui Falcão (SP) disse que é contra Alckmin de vice. "Os programas de governo, especialmente, na área econômica, são diferentes. Além disso, o que um já falou do outro, torna a parceria ruim para os dois", explicou.
O jantar contou com a presença de representantes de várias legendas, como MDB, Rede, PSB e até do PSDB. O ingresso custou aproximadamente R$ 500 e o dinheiro arrecadado — cerca de R$ 300 mil — será revertido para campanhas de combate à fome. Compareceram, entre outros, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB), pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro; Márcio França (PSB), pré-candidato ao governo de São Paulo; os presidentes do PSB e MDB, Carlos Siqueira e Baleia Rossi, respectivamente; o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP); o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB); o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB); e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia.
Em todos os cenários das recentes pesquisas de opinião, Lula aparece com uma larga vantagem sobre Jair Bolsonaro, com possibilidade de definir a eleição no primeiro turno. O petista oscila entre 46% e 48% dos votos. Já o presidente permanece estagnado com 20% e 23% do eleitorado. (Colaborou Fabio Grecchi)