O PT decidiu, ontem, abrir uma série de conversas para criar uma federação partidária com o PSB, PCdoB, PSol e PV. A presidente do partido, deputada Gleisi Hoffman (PR), apresentou a proposta, que foi aceita pelo diretório nacional.
Ao Correio, o líder do partido no Senado, Humberto Costa (PE), disse que o objetivo é formar uma frente ampla da esquerda no Congresso. Mas, mesmo assim, segundo ele, a iniciativa enfrenta resistências.
"Há muitas preocupações se o PT vai deixar de eleger parlamentares, em outros estados, fazendo concessões. Mas, em geral, o debate foi positivo. Acho que há clima que possa permitir a realização da federação, dependendo das discussões que estão por vir", afirmou.
A decisão aconteceu um dia depois de o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin deixar o PSDB — para, eventualmente, se filiar ao PSB para assumir a condição de vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Segundo Costa, a questão está sendo avaliada com calma.
"Não se entrou muito nessa discussão, de composição de vice. Mas há uma possibilidade que isso aconteça", avalizou o senador.
Aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições de 2022, as federações partidárias permitem que dois ou mais partidos se unam para atuar como uma só legenda política nas eleições e na legislatura. Porém essa junção precisa durar pelo menos os quatro anos do mandato legislativo e seguir as mesmas regras do funcionamento parlamentar e partidário.
Para o caso de alguma legenda deixar a federação antes do prazo, sofre punições, como a proibição do uso do fundo eleitoral. Outra exigência é que as federações tenham abrangência nacional. O partido voltará a discutir o tema em fevereiro próximo.
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Violência
A reunião do diretório nacional petista tratou, ainda, do ataque feito pelo apresentador de tevê Carlos Roberto Massa, o Ratinho, à deputada federal Natália Bonavides (RN). Conforme vídeo que circula nas redes sociais, ele sugeriu que a parlamentar fosse metralhada ao discordar da proposta feita por ela para a retirada dos termos "marido e mulher" das celebrações de casamentos civis.
Ao Correio, a ex-ministra de Direitos Humanos do governo Dilma Rousseff, Ideli Salvatti, disse que o partido aprovou moções para preparar uma agenda com diversas ações de conscientização sobre o tema.
"Não adianta o TSE fazer uma grande campanha de tevê e não tomar nenhuma providência contra violência parlamentar contra mulheres", afirmou.