O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin deu o primeiro passo para se tornar vice na chapa do ex-presidentente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. Ele anunciou, ontem, a saída do PSDB, partido ao qual foi filiado por 33 anos. "É um novo tempo! É tempo de mudança!", escreveu no seu perfil no Twitter. O agora ex-tucano ressaltou que, ao longo das mais de três décadas no partido, fez o melhor que pôde. "Um soldado sempre pronto para combater o bom combate com entusiasmo e lealdade. Agora, chegou a hora da despedida. Hora de traçar um novo caminho."
A respeito do futuro político, Alckmin afirmou que, em alguns dias, terá novidades. "Valeu cada obstáculo vencido, cada momento vivido, cada conquista feita. Em breve, anunciarei meus próximos passos", destacou.
O ex-governador é disputado por alguns partidos, mas a expectativa é de que ele se junte a Lula na corrida eleitoral. Líder nas pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto, o petista busca se fortalecer com um nome que atenue a imagem de radicalização creditada ao PT. Os dois não falam abertamente sobre essa eventual aliança, mas também não a desmentem.
Numa postagem no Twitter, ontem, Lula afirmou: "Eu não posso discutir vice se ainda não sou candidato. Na hora certa, quando eu for candidato, vou indicar um vice para me ajudar a governar e reconstruir este país", escreveu o ex-presidente.
Alckmin avalia se filiar ao PSB para se viabilizar à chapa com o petista. O presidente do partido em São Paulo, Márcio França, é entusiasta dessa possibilidade. Ele sustentou, na semana passada, que a possibilidade de união entre o ex-tucano e o petista pelo Planalto é de "99%". França ainda afirmou que a ideia de juntar em uma chapa os dois nomes que disputaram o segundo turno das eleições presidenciais de 2006 foi do ex-prefeito Fernando Haddad (PT).
O deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) destacou que "Alckmin é uma figura muito respeitada, com imagem governista". "Uma imagem da dita terceira via. Quando se traz a terceira via para dentro da primeira, se traz uma imagem de pacto, importante para o governo", acrescentou.
De acordo com o parlamentar, o ex-governador de São Paulo é uma pessoa "muito correta e respeitada". "A governabilidade que o Brasil precisa virá desses pactos, com a habilidade de se pactuar", frisou.
No PT, a eventual aliança não tem unanimidade. Os que discordam veem diferenças relevantes entre Alckmin e o partido. Para o senador Humberto Costa (PT-PE), no entanto, a união reforça a possibilidade de vitória no primeiro turno do pleito. "Vai ser uma eleição difícil. Essa possível aliança agrega votos e credibilidade de setores que se afastaram do PT", admitiu. O parlamentar define a estratégia como "um gol de placa". "Acho que é uma aliança importante para a eleição, mas também para governar. Alckmin é de um estado que tem eleitorado grande e onde tem representatividade."
Saiba Mais
Doria
Pré-candidato do PSDB ao Planalto, o governador de São Paulo, João Doria, frisou que se Alckmin sair como vice de Lula, se tornará rival. "Ele tomou a decisão de se desfiliar. Eu serei adversário de Lula e, circunstancialmente, de Geraldo Alckimin. Se ambos fizerem uma chapa para disputar a Presidência da República, eu estarei no campo contrário", disse, em coletiva de imprensa, após reunião com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para tratar de passaporte vacinal.
Doria destacou que, como presidenciável, vai combater uma eventual chapa Lula-Alckmin. "Respeito: se essa decisão for consolidada pelo ex-governador Geraldo Alckmin ao lado do ex-presidente Lula, serei combativo. Não só em relação a Lula. Serei educado como sempre fui, mas serei combativo a essa opção. O Brasil já viveu o pesadelo do PT e está vivendo o pesadelo bolsonarista", destacou.
O tucano deu uma estocada em Alckmin. "Não cabe a mim a análise do estranho ou não, mas alguém que, durante 33 anos, combateu o PT e, repentinamente, se associou ao PT, a classificação são vocês que devem fazer, e a população também".