A presença do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas áreas atingidas pelas enchentes no sul da Bahia causou aglomeração, tumulto e denúncias de agressão contra jornalistas. Uma equipe da TV Bahia, afiliada da TV Globo, foi agredida por seguranças e apoiadores do chefe do Executivo na manhã deste domingo (12/12), em Itamaraju (BA).
O presidente sobrevoou as cidades baianas e visitou a população atingida pelo temporal. De acordo com a TV Globo, a repórter Camila Marinho e o cinegrafista Cleriston Santana estavam esperando o pouso do helicóptero do presidente no estádio municipal Juarez Barbosa. Quando Bolsonaro desceu, tanto os repórteres da TV Bahia quanto de outras emissoras tentaram se aproximar com os microfones para entrevistá-lo.
Um dos seguranças de Bolsonaro impediu que os profissionais se aproximassem, e chegou a segurar a repórter pelo pescoço com o antebraço e dar um “mata-leão” nela, segundo a emissora. A agressão não foi filmada devido à confusão.
No entanto, um registro em vídeo mostra outro momento de violência no mesmo local. Um segurança do presidente tentou evitar que os repórteres levassem os microfones para perto de Bolsonaro. Um dos equipamentos encostou no segurança, que então ameaçou os jornalistas: “Se bater de novo, vou enfiar a mão na tua cara. Não bata em mim, não batam em mim”, falou nas imagens que circulam pela internet.
Histórico de violência
Em nota, a TV Globo cobrou providências da Procuradoria-Geral da República (PGR) em uma ação em que são questionadas as agressões de Bolsonaro a jornalistas. O comunicado citou a participação do presidente na cúpula do G20, em Roma, em que profissionais de imprensa relataram violência por parte da equipe de segurança do chefe do Executivo.
“A imprensa cumpre um direito inscrito na Constituição e deve ter a sua segurança garantida. As cenas bárbaras de hoje e aquelas ocorridas na Itália, no dia 31 de outubro, ensejam duas constatações: se os seguranças agem por conta própria, a Presidência deve ser responsabilizada por omissão. Se agem seguindo ordens superiores, a Presidência deve ser responsabilizada por atentar contra a liberdade de imprensa e fomentar a violência contra jornalistas”, disse a nota.
Após o sobrevoo na Bahia, Jair Bolsonaro desembarcou em um campo de futebol e provocou aglomeração. O presidente não usava máscara de proteção individual. Ele estava acompanhado dos ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), João Roma (Cidadania), natural do estado, Marcelo Queiroga (Saúde) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).