O presidente Jair Bolsonaro (PL) se mostrou incomodado com a decisão do ex-coordenador da Lava-Jato Deltan Dallagnol, e do ex-juiz da força-tarefa Sergio Moro, de se lançarem no mundo da política. Em vídeo divulgado na manhã deste domingo (12/12) em seu perfil do Twitter, o chefe do Executivo fez ataques aos recém-filiados ao partido Podemos.
Segundo Bolsonaro, um documentário divulgado pelo jornalista Kim Pain mostra a articulação de um “jogo de poder” entre Dallagnol e Sergio Moro — seu ex-ministro da Justiça, contra o seu governo bolsonarista.
Bolsonaro ainda afirmou que rejeitou uma audiência com o ex-procurador em 2019, que supostamente tentou uma aproximação para sondar as possíveis indicações ao cargo de procurador-geral da República, por receio de "sair uma história pronta" do encontro. “Se eu tivesse audiência com ele, com toda certeza não ia indicar a PGR. Mas iria sair uma história pronta. Como faziam por ocasião de alguns depoimentos por ocasião da Lava-Jato”, disse.
“Escrevia o depoimento, chamava o cara para assinar. E ia falar o quê? Que eu teria feito proposta indecorosa para ele. Salvar um amigo, parente”, acrescentou o presidente.
Lava Jato na política
Nesta semana, Deltan Dallagnol se filiou ao Podemos, em cerimônia com a presença de Sergio Moro, recém-filiado à sigla. No mês passado, o ex-procurador renunciou definitivamente ao seu cargo no Ministério Público para apostar em uma carreira política. Ele pretende disputar uma vaga na Câmara dos Deputados em 2022.
Ex-coordenador e porta-voz da Lava Jato, Dallagnol viveu momentos de destaque na força-tarefa, mas se afastou após denúncias de excessos e da divulgação de mensagens suas com o ex-juiz Sergio Moro e outros procuradores.
Moro se desenha como um dos principais adversários de Bolsonaro na disputa por parte do eleitorado da direita na disputa pelo Planalto em 2022. O ex-juiz da Lava Jato esteve à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública durante um ano e quatro meses, mas saiu da pasta envolvido em uma série de polêmicas. Ele acusou Bolsonaro de interferir politicamente na Polícia Federal para proteger seus filhos e aliados.