O planeta atravessa um momento decisivo para equilibrar o suprimento das necessidades humanas e a preservação dos recursos naturais. O conceito de sustentabilidade está em todo lugar e, pensando nisso, o Correio promoveu, nesta quinta-feira (9/12), o seminário Desafios 2022: Para onde vai o Brasil. No painel "Sem Preservação Não Há Futuro", a assessora do Programa de Política e Direito Socioambiental do Instituto Socioambiental (ISA), Adriana Ramos, comentou sobre as mudanças climáticas e o patrimônio ambiental do Brasil.
Para a especialista, a sustentabilidade é uma preocupação mundial. “Seria muito importante fazer essa transição para olhar o patrimônio ambiental brasileiro com uma vantagem comparativa em relação a outros países. Acho que é o que o país tem hoje de maior diferencial”, afirma. “A reunião da convenção das partes de mudanças climáticas reforçou bastante a expectativa da comunidade internacional, incluindo, financiadores, investidores, que o país avance em uma performance ambiental condizente com o seu potencial”, ressalta Ramos.
Em agosto de 2021, a Amazônia teve a maior área desmatada para um mês em 10 anos. De acordo com dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônica (Imazon), foram desmatados 1.606 km² de floresta no mês. A área é 7% maior do que o número registrado em agosto de 2020 e o equivalente a cinco vezes o tamanho de Belo Horizonte.
Somente neste ano, foram destruídos 7.715 km² de floresta, o pior número da década. O índice é 48% maior do que o observado no mesmo período do ano passado. Ramos destaca a importância do Brasil para o clima mundial. “As florestas são fundamentais para a regulação climática global. O volume de carbono que tem na Amazônia se for liberado ele vai completamente desbalançar qualquer esforço global de redução de emissões”, frisou.
Adriana Ramos ainda criticou a atuação do Legislativo e Executivo em relação às políticas climáticas. Na avaliação dela, o governo ignora o tema. “O que a gente tem visto é o país praticamente advogando um direito de desmatar. Baseado em uma perspectiva negacionista, em teorias conspiratórias. O Brasil se coloca em debates internacionais sobre mudanças do clima sem levar a sério. Tratando como um problema de imagem uma questão que é da falta de políticas do desgoverno”, aponta.
Correio Debate
Para debater os rumos do país e mostrar caminhos que possam evitar esse quadro dramático, o Correio promoveu, nesta quinta-feira (9/12), o seminário Desafios 2022: Para onde vai o Brasil. O evento reuniu representantes do Legislativo, do Executivo, economistas de renome, representantes do setor produtivo e especialistas em questões ambientais.