O grande desafio de João Doria, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, é conquistar o apoio dos setores do partido que não votaram nele nas prévias. A avaliação é do deputado Paulo Abi-Ackel (MG), acrescentando que o governador de São Paulo terá de mudar alguns aspectos da sua atuação política.
"Ele talvez dialogue bem com o público de São Paulo, o que é natural. Mas ele tem que se abrir, ter a capacidade de transitar pelos diferentes 'Brasis'", explicou, em entrevista, ontem, ao CB.Poder — uma parceria entre o Correio e a TV Brasília. E essa mudança de foco deve começar pelas campanhas de marketing de Doria, para terem, segundo Abi-Ackel, "um ar mais brasileiro e menos paulista".
Com essas alterações, o governador paulista tem tudo para galvanizar o PSDB. A preocupação do deputado é de que a candidatura de Doria não ganhe tração suficiente para estar à frente das opções de terceira via. A dúvida se justifica porque 98% do PSDB de Minas votaram em Eduardo Leite.
Apesar de ser reticente em relação à capacidade de Doria em se tornar um nome nacional, que dialogue com os eleitores de todas as regiões do país, Abi-Ackel negou que a vitória do governador de São Paulo ensejaria uma debandada do PSDB liderada pelos mineiros. "Torço para que (Doria) não seja um capítulo curto do partido, que ele consiga se consolidar como candidato e como a pessoa que vai catalisar as forças da terceira via", analisou.
Para Abi-Ackel, uma das primeiras tarefas do governador paulista será conversar com o deputado Aécio Neves, que lidera o PSDB em Minas. Isso porque Doria fez várias críticas ao parlamentar e trabalhou para expulsá-lo.
Terceira via
O deputado sabe que, nesse momento, a terceira via está bem congestionada, pois, além do pré-candidato tucano, outros nomes estão colocados — como Sergio Moro (Podemos), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Simone Tebet (MDB), Rodrigo Pacheco (PSD) e Alessandro Vieira (Cidadania). Para Abi-Ackel, a única possibilidade de um representante dessa corrente estar no segundo turno das eleições presidenciais é afunilando as opções para o eleitor.
Sobre a possibilidade de o ex-governador Geraldo Alckmin — que está praticamente de saída do PSDB, porém sem rumo partidário definido — tornar-se vice na chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Abi-Ackel avalia que trata-se de um arranjo que pode dar bom resultado. "Ele é um homem muito respeitado e daria muita credibilidade ao Lula, tiraria aquela impressão de radicalismo que o PT carrega. É um homem de centro e daria prejuízo (a outros partidos e candidatos)", disse, admitindo a possibilidade de Alckmin conquistar votos do PSDB e da terceira via caso se associe ao petista.
*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi